O subprocurador-geral Carlos Frederico dos Santos disse considerar que a delação do tenente-coronel Mauro Cid é “fraca” e contém “narrativas” do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele é coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos da PGR (Procuradoria Geral da República).
“Quando nós temos um acordo de delação, tudo que é dito precisa ser corroborado. Eu não posso dizer que uma peça dessa será proveitosa se isso não acontecer”, afirmou em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta 4ª feira (8.nov.2023), “Meu olhar é do órgão acusador e que, nessa perspectiva, pode afirmar que ali há só narrativas e não há robustez para o oferecimento de denúncia”, continuou. “Então, diante de não haver isso, ela é fraca”, completou.
A PGR foi contra o acordo de delação premiada entre PF e Mauro Cid. Santos disse que o fato de a delação ser “fraca” não é culpa da Polícia Federal. “Isso não é falha no trabalho de ninguém”, afirmou. “Não faço críticas à PF nem a quem firmou o acordo”, acrescentou.
Conforme o subprocurador-geral, “o delator que se propõe a firmar esse tipo de acordo não basta possuir uma narrativa, ele tem que apontar os participantes de um crime e apontar, pelo menos, os caminhos até as provas para confirmarmos aquilo que ele falou”.
Santos citou que há “diversas decisões” do STF (Supremo Tribunal Federal) anulando acordos “porque as acusações se basearam tão somente nas delações”.
Segundo ele, Cid não apresentou comprovação sobre os fatos expostos em nenhum dos temas mencionados na delação. O subprocurador-geral disse ter pedido diligências para corroborar os supostos crimes descritos no acordo.
“Requisitei várias coisas, mas não posso falar sobre isso justamente para não frustrar a investigação. Não jogo provas fora, então eu quero dar valor a essa delação para que eu possa utilizá-la”, declarou.
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