E-mails enviados à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do 8 de Janeiro mostram que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve ao menos 2 encontros com comandantes das Forças Armadas depois do 2º turno das eleições de 2022. As reuniões não constam na agenda oficial.
Os encontros teriam sido realizados em 14 de novembro e 18 de dezembro de 2022 no Palácio da Alvorada. As informações são do jornal O Globo.
Em 16 de novembro, 2 dias depois da 1ª reunião pós-eleição com os comandantes das Forças, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, recebeu uma minuta de decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) em seu celular.
Eis os participantes do encontro em 14 de novembro:
- Comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes;
- Comandante da Marinha, almirante Almir Garnier dos Santos;
- Comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Carlos Baptista Junior;
- Ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira;
- General Braga Netto.
Eis os participantes da 2ª reunião, em 18 de novembro:
- Comandante da Marinha, almirante Almir Garnier dos Santos;
- Ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno;
- Ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira;
- Assessor Especial para Assuntos Internacionais, Filipe Martins.
O Poder360 entrou em contato com a equipe de Bolsonaro para questionar sobre os supostos encontros com militares após o 2º turno, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço permanece aberto para manifestações.
PLANO DE GOLPE
Segundo o portal de notícias UOL e o jornal O Globo, Mauro Cid disse em delação à PF (Polícia Federal) que o ex-presidente realizou uma reunião depois do 2º turno das eleições com militares de alta patente e ministros do governo para discutir sobre uma minuta que pedia novas eleições e incluía prisões de adversários. O documento teria sido entregue a Bolsonaro pelo ex-assessor da Presidência Filipe Martins.
Segundo o ex-ajudante de ordens, o plano de golpe de Estado teria sido apoiado pelo então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier. A proposta não recebeu apoio dos chefes da Aeronáutica e do Exército.
A minuta do plano de golpe teria sido elaborada por um advogado constitucionalista que, por meio de Martins, teria entregado o documento em mãos à Bolsonaro durante um encontro. A PF investiga se é a mesma peça encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres.
Em nota, Cezar Bitencourt, advogado de Mauro Cid, disse que não tem acesso aos depoimentos e que não confirma o conteúdo divulgado pela imprensa. Eis a íntegra (PDF – 133 kB).