A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na sigla em inglês) (USDA) e a UF (Universidade da Flórida) reuniram-se na 2ª feira (18.set.2023), em Bagé (RS), na sede da Embrapa Pecuária Sul, para discutir estratégias de pesquisa em parceria visando a sustentabilidade da agropecuária nos 2 países.
O objetivo da iniciativa é promover a cooperação entre as instituições brasileiras e norte-americanas em torno de temas de interesse mútuo, envolvendo estudos relacionados à adaptação às mudanças climáticas e à mitigação das emissões de GEE (gases de efeito estufa) na pecuária, por meio do desenvolvimento de práticas agrícolas sustentáveis que sejam viáveis no Brasil e nos EUA.
Entre as estratégias que foram debatidas está a redução da dependência agrícola por fertilizantes, com foco tanto no desenvolvimento de produtos menos agressivos ao ambiente, como em processos de aumento do uso eficiente de nutrientes do solo usado na agropecuária. Estudos neste sentido já estão sendo desenvolvidos por meio de colaboração entre a Embrapa, a Universidade da Flórida, o Serviço de Pesquisa da USDA e o IFDC (Centro Internacional de Desenvolvimento de Fertilizantes, na sigla em inglês). O projeto F4L (Fertilize for Life) deve contar com financiamento do Departamento de Agricultura norte-americano e outras agências dos EUA.
O evento teve a presença de Michael Conlon, conselheiro para Agricultura dos EUA e representante do USDA no Brasil, e de Carolina Castro, especialista em Agricultura do USDA na Embaixada Americana, em Brasília, além de José Dubeux, professor em Forrageiras e Ciências de Pastagens da UF.
O Estado da Flórida e o Rio Grande do Sul têm características semelhantes quanto aos sistemas pecuários, baseados em pastagens. Nesse sentido, esforços de pesquisa conjuntos podem gerar resultados comuns.
“Esse trabalho em conjunto visa [a], justamente, lançar o olhar sobre um dos principais problemas globais atualmente, que são as mudanças climáticas. Ao se trabalhar estratégias conjuntas para tornar mais eficiente e sustentável as atividades agropecuárias, estamos buscando tornar os sistemas produtivos mais resilientes, atacando, por exemplo, o problema da emissão dos gases de efeito estufa, mas também é importante pensar que estas estratégias podem diminuir a dependência da importação de fertilizantes no Brasil e EUA”, declarou Alexandre Varella, coordenador do Labex (laboratório da Embrapa no exterior) nos EUA.
Com o encontro, espera-se a formação de um plano de trabalho para colaboração em pesquisa (projetos conjuntos, intercâmbio de pesquisadores e estudantes, eventos internacionais conjuntos) entre a Embrapa e a Universidade da Flórida.
“A expectativa é de que, a partir dos debates e troca de informações científicas, possa haver um alinhamento para novas oportunidades de colaboração, entre as unidades da Embrapa e a UF, no tema de adaptação às mudanças climáticas em sistemas pecuários a base de pastagens que são dominantes tanto no sul do Brasil, em parte do Cerrado brasileiro quanto na Flórida”, disse Varella.
Segundo Marcos Borba, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento, da Embrapa Pecuária Sul, a visita da comitiva norte-americana e o interesse de cooperação demonstram o alinhamento do trabalho desenvolvido na Embrapa em Bagé com questões atuais discutidas globalmente, relacionadas à sustentabilidade da pecuária.
“O que estamos estabelecendo como agenda de trabalho está bastante alinhado com o que outros países, e no caso países importantes para a pecuária, como é o caso dos EUA, estão também trabalhando. Outro aspecto a ser destacado é a oportunidade de interação e desenvolvimento de trabalhos conjuntos na busca de resultados complementares orientados à promoção da sustentabilidade dos sistemas de produção pecuários nos 2 países. Para nós isso é extremamente relevante porque significa uma espécie de certificação da nossa programação de pesquisa, relacionada aos grandes desafios da pecuária no mundo contemporâneo e das oportunidades que temos de estabelecer cooperação com a Universidade da Flórida”, afirmou Borba.
F4L
Coordenada pelo Labex EUA em parceria com diversas unidades da Embrapa, a UF, o USDA e o IFDC, a iniciativa F4L está em processo de implantação, e busca pesquisar a eficiência no uso de fertilizantes e nutrientes do solo em resposta às mudanças climáticas. Ao desenvolver tecnologias para reduzir a utilização de fertilizantes e ao utilizar os nutrientes do solo de forma mais eficiente nos sistemas agrícolas e pecuários, a iniciativa também busca promover a redução das emissões de gases com efeito de estufa nos sistemas produtivos.A colaboração envolve 63 pesquisadores e gestores de diversas instituições, organizados em 4 grupos de trabalho: 1) gestão de precisão, big data e inteligência artificial, 2) produtos biológicos, biologia do solo e saúde do solo, 3) novos produtos incluindo fertilizantes organominerais e 4) utilização mais eficiente das fontes de nutrientes por meio de sistemas integrados floresta-agricultura-pecuária.
Com informações da Embrapa.