Mais de 2,6 milhões de estudantes responderam no domingo (12.nov.2023) a 90 questões de ciências da natureza e de matemática no 2º dia de provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2023. Para 2 dos professores ouvidos pela Agência Brasil, a prova deste ano foi a mais interpretativa e menos conteudista.
O diretor de Ensino Médio e Avaliações do SAS Plataforma de Educação, Caê Lavor, disse que a prova foi mais fácil por ter cobrado menos assuntos técnicos. “Caíram mais questões com contexto e que tem relação com o cotidiano dos alunos, então foi uma prova mais fácil do que nos anos anteriores, apesar de não tão mais fácil”, afirmou.
Para Caê, o Enem estava, nos últimos 3 anos, se tornando uma prova mais conteudista e menos interpretativa. “O aluno era cobrado a memorizar muitas fórmulas, conhecer disciplinas e temas de forma mais profunda, saber as exceções de algumas regras bem específicas. A prova estava ficando mais conteudista e tradicionalista”, disse.
“A principal consequência do tipo de prova é que ela vai selecionar perfis diferentes do estudante que vai ingressar no ensino superior. Uma prova mais interpretativa valoriza habilidades mais socioemocionais, o senso crítico, a capacidade analítica, a empatia. Já a prova mais técnica ou conteudista valoriza mais a resolução de problemas que precisam de uma base técnica mais ampla”, completou.
O professor de química do colégio Mopi, Vinícius Carvalho de Paula, teve a mesma impressão: de que as questões priorizaram a interpretação em vez do conteúdo específico das disciplinas.
“A minha impressão é de que a prova estava em um nível menos conteudista, um nível menos difícil e mais interpretativa. Quem teve calma e fez uma boa leitura conseguiu fazer uma boa prova. Bastava o estudante observar o enunciado da questão que ele podia ver a resposta dentro do enunciado. Poucas questões de cálculo. Apenas 3 questões envolvendo cálculo que eram mais desafiadoras”, afirmou.
Divergência
Já o professor de matemática Lucas Borguezan, do Curso Enem Gratuito, avaliou que o Enem manteve a tendência de se tornar, cada vez mais, uma prova no estilo conteudista, apesar de ter percebido a prova de matemática em um nível mais fácil neste ano.
“As questões foram muito bem formuladas, o que ajuda na resolução. No primeiro dia, sim, foi mais interpretativa. Mas isso também tem relação com a própria natureza das disciplinas. No meu balanço de nove Enems na bagagem, estou percebendo que o exame está caminhando para ser cada vez mais conteudista, como uma tendência, e com melhor formulação das questões”, disse.
Com informações da Agência Brasil.