A ONU (Organização das Nações Unidas) disse na 2ª feira (20.nov.2023) que mais de 1,7 milhão de pessoas estão deslocadas internamente na Faixa de Gaza, sendo que quase 900 mil estão hospedadas em pelo menos 154 abrigos da UNRWA (sigla em inglês para Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina).
Em boletim (íntegra, em inglês – PDF – 3 MB), a ONU afirma que os abrigos acomodam “muito mais pessoas do que a capacidade prevista”. Em média, existe 1 chuveiro para cada 700 pessoas e 1 banheiro para cada 150 pessoas.
Conforme a Organização, a sobrelotação contribui “para a propagação de doenças, incluindo doenças respiratórias agudas e diarreia, suscitando preocupações ambientais e de saúde”. O excesso de pessoas afeta “a capacidade de a UNRWA em fornecer serviços eficazes e oportunos”.
A ONU disse que os abrigos não possuem os colchões e camas médicas para atender a população que necessita de atendimentos especiais. “Estima-se que, em 1º de novembro, mais de 15% dos deslocados internos tivessem deficiências, mas a maioria dos abrigos não está adequadamente equipada para as suas necessidades”, lê-se no boletim.
“Nos últimos dias, a UNRWA, em cooperação com a ONG ‘Humanidade e Inclusão’, forneceu kits de higiene, dispositivos de assistência, óculos, kits de primeiros socorros e para bebês a 3.830 pessoas com deficiência, feridos, crianças e idosos”, completa.
Depois de proibir a entrada de combustível na Faixa de Gaza pela fronteira entre Rafah e o Egito, Israel está permitindo que pequenas quantidades do insumo entrem na região. Ele é necessário, entre outras coisas, para o funcionamento de equipamentos de filtragem de água e de geradores para hospitais e abrigos. Entraram, na 2ª feira (20.nov), 2 caminhões transportando cerca de 67.000 litros de combustível, segundo a ONU.
“Não tem havido distribuição de água engarrafada entre os deslocados internos alojados em abrigos há mais de uma semana, levantando graves preocupações sobre a desidratação e doenças transmitidas pela água devido ao consumo de água de fontes inseguras”, diz o boletim.
“Em toda a Faixa de Gaza, os agricultores começaram a abater os seus animais devido à necessidade imediata de alimentos e à falta de forragem. Esta prática representa uma ameaça adicional à segurança alimentar, pois leva ao esgotamento dos ativos produtivos”, acrescenta.