A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) das críticas sofridas depois de ter dito que “dificilmente” a meta fiscal de defict zero para 2024 será cumprida. A declaração do chefe do Executivo se deu na manhã desta 6ª feira (27.out.2023), em conversa com jornalistas.
“Engraçado o mercado, vive fazendo previsões, erra bastante, ajusta seus números. Agora, quando o presidente Lula fala que a meta de deficit zero para 2014 dificilmente será alcançada, e não será perseguida ao custo de um profundo corte de investimentos públicos indispensáveis para a retomada do crescimento e dos empregos, o mercado tem uma reação irracional”, disse a congressista em sua conta oficial no X (ex-Twitter).
Gleisi disse ainda que “os próprios agentes do mercado vinham prevendo deficit para o ano que vem. Até chegaram em um número, 0,8%. Por que o presidente não pode, pela realidade dos fatos, frustração de receitas, reavaliar meta inexequível?!”.
META FISCAL
Na manhã desta 6ª (27.out), o presidente Lula afirmou que o governo “dificilmente” cumprirá a meta de deficit fiscal zero em 2024. Disse que o mercado financeiro é “ganancioso” e que não quer começar o ano que vem cortando “bilhões” de obras e investimentos prioritários. Declarou ainda que um deficit de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) não seria “nada” para o próximo ano.
“Eu sei da disposição do [Fernando] Haddad, sei da vontade do Haddad, sei da minha disposição, mas queria dizer para vocês que nós dificilmente chegaremos à meta, até porque eu não quero fazer corte em investimentos e obras. Se o Brasil tiver um deficit de 0,5% o que é? De 0,25%, o que é? Nada. Absolutamente nada”, declarou o presidente em café com jornalistas, realizado no Palácio do Planalto.
O governo federal enviou para o Congresso um PLOA (Projeto de Lei Orçamentário Anual) com receitas iguais às despesas, mas analistas avaliam que não será possível atingir o objetivo porque a União aumentou gastos e as medidas para aumentar receitas são vistas com ceticismo pelo potencial arrecadatório. O Ministério da Fazenda terá que elevar as receitas em R$ 168,5 bilhões.
Lula declarou que para alcançar a meta de zerar o deficit seria preciso cortar bilhões de obras prioritárias para o Brasil. Ao contrário do que disse o petista, a equipe econômica do governo seguia, até agora, defendendo ser possível cumprir o objetivo fiscal.
“Tudo que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal a gente vai fazer. O que posso lhe dizer, é que ela não precisa ser zero. A gente não precisa disso, eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias para esse país”, declarou o presidente.
Segundo Lula, até o mercado financeiro sabe que a meta não poderá ser atingida: “Muitas vezes o mercado é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que ele sabe que não vai ser cumprida”.