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Governo libera R$ 80,4 milhões para repatriação do Oriente Médio

Publicado 11.10.2024, 09:59
Atualizado 11.10.2024, 10:40
© Reuters.  Governo libera R$ 80,4 milhões para repatriação do Oriente Médio
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O governo liberou R$ 80.401.340 de crédito extraordinário para o Ministério da Defesa. A decisão foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) nesta 6ª feira (11.out.2024).

O valor é destinado para o “emprego do Comando da Aeronáutica no transporte aéreo de pessoas, animais domésticos e materiais e apoio humanitário na região de conflito no Oriente Médio”.

A FAB (Força Aérea Brasileira) realiza a missão Raízes do Cedro para repatriar brasileiros que estão no Líbano. A região tem sofrido ataques militares devido ao conflito entre Israel e o grupo Hezbollah, sediado no Líbano.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, cerca de 20.000 brasileiros moram no país. O governo brasileiro recebeu solicitações de 7.000 pessoas que desejam deixar o país, mas estima que 3.000 cheguem ao Brasil.

A operação já deslocou 674 passageiros e 11 animais de estimação nos 3 primeiros voos de repatriação. Segundo a aeronáutica, a operação será de caráter contínuo. O 1º voo pousou no Brasil em 6 de outubro e o 2º, em 8 de outubro.

O 4ª voo de repatriação decolou da Base Aérea de São Paulo na 5ª feira (10.out).

CONFLITO NO LÍBANO

Israel e o grupo Hezbollah, do Líbano, travam um conflito na fronteira desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, depois de um ataque doHamas, aliado do grupo extremista libanês.

O conflito entre Israel e Hezbollah se intensificou depois de 2 ataques a dispositivos de comunicação utilizados pelo grupo extremista. O Líbano acusa o país judeu, que nega a autoria. As explosões de pagers e walkie-talkies na semana passada deixaram ao menos 32 mortos e mais de 3.000 feridos.

A tensão escalou ainda mais depois de Israel lançar um grande ataque aéreo em 23 de setembro e provocar uma evacuação de libaneses. Outro ataque israelense no dia seguinte elevou o número de mortos para 558. O país alega que as operações têm como alvo os líderes do Hezbollah.

Desde então, as FDI (Forças de Defesa de Israel) vêm realizando diariamente ataques a locais que, segundo os militares, são ligados ao grupo extremista Hezbollah. São os ataques aéreos mais intensos em quase 1 ano de conflito na região.

OS CRITÉRIOS DA FAB

Segundo informou a Força Aérea Brasileira, por determinação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os brasileiros escolhidos para estar nos voos do Líbano para o Brasil teriam de preencher alguns critérios. Pessoas idosas, mulheres grávidas, doentes ou quem não tem recursos para comprar uma passagem aérea em voo comercial seriam alguns dos requisitos.

Até agora, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, não divulgou os custos detalhados de operação semelhante da FAB em outubro de 2023 (depois do ataque do Hamas a Israel), quando brasileiros que estavam no país judeu foram trazidos para o Brasil em voos oficiais. Não há estatísticas claras sobre quantos foram repatriados de Israel, o custo das viagens e se todos os beneficiados de fato não tinham como pagar para sair do país em voos comerciais.

Agora, da mesma forma, José Múcio Monteiro participou de uma entrevista para a mídia na 6ª feira (4.out) e não deu qualquer tipo de informação detalhada sobre os custos para trazer brasileiros que estão no Líbano.

Até esta 5ª feira (10.out), há voos comerciais que partem de Beirute para São Paulo. Quando este post foi publicado, a ferramenta de busca de opções de voos do Google (NASDAQ:GOOGL) indicava que um voo de Beirute para São Paulo, em classe econômica, poderia ser comprado por R$ 7.253 para este sábado (12.out).

A FAB, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, o Ministério das Relações Exteriores e o Palácio do Planalto não responderam a perguntas do Poder360 a respeito da operação que pretende trazer os brasileiros do Líbano para o Brasil. Eis as perguntas enviadas:

  • seria mais barato e rápido comprar passagens em voos comerciais de Beirute para São Paulo e entregar aos brasileiros hipossuficientes que estão no Líbano?;
  • as fotos de passageiros brasileiros que embarcaram no avião da FAB no sábado (4.out.2024) não indicam claramente que são pessoas hipossuficientes. Qual foi o critério para escolher essas pessoas para que usufruíssem desse benefício?;
  • quanto está estimado de gasto para trazer os cerca de 3.000 brasileiros que manifestaram interesse em deixar o Líbano gratuitamente em voos da FAB?;
  • quanto custou a operação da FAB em 2023 para trazer brasileiros que desejaram sair de Israel? Quantos voos foram realizados e quantas pessoas foram trazidas para o Brasil no ano passado?

Se e quando as respostas forem enviadas para o Pode360, este jornal digital atualizará este post.

OUTROS PAÍSES

Alguns países fazem como o Brasil e enviam aviões militares para o Líbano e assim facilitar a saída de seus cidadãos desse país.

Há casos em que países trabalham para pedir a companhias comerciais que aumentem a oferta de assentos em voos de carreira.

Os Estados Unidos, por exemplo, estimam ter 86.000 cidadãos vivendo no Líbano (em comparação, há cerca de 21.000 brasileiros naquele país). Até agora, a Casa Branca apenas enviou soldados para o Chipre com o objetivo de ajudar na evacuação de pessoas, mas não enviou aviões militares para fazer a repatriação. O governo dos EUA, segundo o Departamento de Estado, tem conversado com companhias aéreas para aumentar a frequência de voos e ofertar mais lugares para os estado-unidenses.

O Reino Unido decidiu fretar aviões comerciais para ajudar britânicos a sair de Beirute. Segundo informou a BBC, a prioridade foram casais com crianças com menos de 18 anos e pessoas vulneráveis. Mas o benefício não é gratuito: para entrar no voo, cada passageiro tem de pagar uma taxa de 350 libras por assento –cerca de R$ 2.500. Em 2023, o governo britânico já havia feito algo parecido, cobrando uma taxa de cada cidadão que desejava sair de Israel quando o país judeu foi atacado pelo Hamas.

Leia mais em Poder360

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