O presidente da Fepal (Federação Árabe Palestina do Brasil), Ualid Rabah, afirmou, em vídeo publicado nas redes sociais, que o povo palestino enfrenta “o maior banho de sangue da história” desde que Israel declarou guerra ao grupo extremista Hamas no sábado (7.out.2023). Segundo ele, é preciso unir forças entre descendentes árabes e simpatizantes para impedir “a máquina de guerra israelense”.
“O que acontece na Palestina há 76 anos é um genocídio, um apartheid, um grande crime de lesa à humanidade, que produz refugiados, cadáveres e escombros”, declarou Ualid Rabah.
Conforme o líder, o Brasil enfrenta uma “propaganda de guerra” que estimula o “linchamento midiático do povo palestino”.
“Neste momento, a grande guerra no Brasil é a guerra por meio da propaganda de guerra. Não há informação verdadeira sobre a Palestina, não há equilíbrio informacional. […] Temos um linchamento midiático do povo palestino, um genocídio midiático que legitima Israel para exterminar o povo palestino”, disse.
Assista (2min54s):
O grupo extremista Hamas tem sido acusado nas redes sociais de estuprar mulheres e decapitar bebês mantidos reféns na guerra contra Israel.
Na 4ª feira (11.out) o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou ter visto imagens de crianças israelenses decapitadas pelos extremistas. Depois, a Casa Branca negou as informações e disse que se tratavam de relatos vindos de Israel.
Nesta 5ª feira, o premiê israelense Benjamin Netanyahu divulgou as primeiras imagens que comprovariam a morte de crianças durante as ondas de ataque do Hamas contra Israel. Na publicação, Netanyahu diz ter mostrado as fotos ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que está em Israel para acompanhar os desdobramentos do conflito.
Três imagens foram divulgadas no perfil do gabinete do primeiro-ministro e também no do governo israelense. Uma mostra o corpo de um bebê ainda usando fraldas dentro de um saco branco com manchas de sangue. As outras duas dão a entender que se tratam de corpos carbonizados de ao menos 4 crianças. Leia mais nesta reportagem.
O número de mortes pelo conflito chegou a cerca de 2.617 pessoas até as 12h30 desta 5ª feira (12.out.2023). A maior parte das vítimas são palestinas, com 1.417 mortos, segundo o Ministério da Saúde da Palestina, enquanto mais de 1.200 israelenses perderam a vida no conflito, conforme a Defesa de Israel.
Os números não contemplam os 1.500 corpos de combatentes do Hamas que as Forças de Israel disseram ter encontrado.
ENTENDA O CONFLITO
Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.
O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.
A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), a Guerra dos 6 Dias (1967), a 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.
Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), na intenção de criar um Estado judeu. No entanto, árabes recusaram a divisão, alegando terem ficado com as terras com menos recursos.
Ataque a Israel
O Hamas, grupo radical islâmico de orientação sunita, realizou um que ataque surpresa a Israel no sábado (7.out). Israel declarou guerra contra o Hamas e começou uma série de ações de retaliação na Faixa de Gaza, território palestino que faz fronteira com Israel e é governado pelo Hamas.Os ataques do Hamas se concentram, até o momento, ao sul e ao centro de Israel. Caso o Hezbollah faça novas investidas na fronteira com o Líbano, um novo foco de combate pode se estabelecer ao norte de Israel.
O tenente-coronel israelense, Richard Hecht, afirmou que o país “olha para o Norte” e que espera que o Hezbollah “não cometa o erro de se juntar [ao Hamas]”.
Saiba mais sobre a guerra em Israel:
- o Hamas atacou Israel em 7 de outubro e reivindicou a autoria da ação;
- Benjamin Netanyahu declarou guerra ao Hamas e falou em destruir o grupo
- Israel respondeu com bombardeios em alvos na Faixa de Gaza;
- o Hamas ameaça matar reféns em retaliação à resposta militar israelense;
- EUA e países europeus pediram que outros países fiquem de fora da guerra;
- Irã disse não ter relação com os ataques;
- Lula chamou os ataques de “terrorismo”, mas relativizou episódio;
- o governo anunciou uma operação para repatriar brasileiros (há desaparecidos e mortos);
- ANÁLISE – Conflito é entre Irã e Israel e potencial de escalada é incerto;
- OPINIÃO – Relação Hamas-Irã é obstáculo para a paz, escreve Claudio Lottenberg;
- ENTENDA – saiba o que é o Hamas e o histórico do conflito com Israel;
- VÍDEOS – veja imagens da guerra na playlist especial do Poder360 no YouTube.