O ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) disse na tarde deste sábado (2.set.2023) que já “está na hora” de o BC (Banco Central) aumentar o corte da Selic para 0,75 ponto percentual. A declaração do ministro foi dada durante participação na 13ª edição do evento “Expert XP (BVMF:XPBR31) 2023”, realizado em São Paulo.
“É hora de cortar não mais meio, mas 0,75 [ponto percentual] a Selic”, declarou o ministro. Haddad disse ainda que o esforço fiscal irá parecer “brincadeira de criança” quando o crescimento econômico vier.
Segundo o ministro, o objetivo do governo federal é ter resultados primários “cada vez mais consistentes”. Haddad afirmou ainda contar com a autoridade monetária, em referência ao Banco Central, para “somar” ao esforço.
“Quando todo mundo trabalha para consertar, o setor privado e a economia real fazem a sua parte”, acrescentou o petista. Haddad disse achar “comum” que existam divergências entre o a autoridade monetária e a autoridade fiscal –função exercida pela Secretaria da Receita Federal, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda–, mas afirmou ser “natural” a discussão entre o BC e a Fazenda.
NOVOS CORTES NA SELIC
Em agosto, o BC decidiu cortar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, fazendo com que a Selic caísse de 13,75% para 13,25% ao ano. A redução estava acima do corte de 0,25 ponto percentual que era esperado pela maioria dos agentes financeiros e também agradou ao governo federal, que vinha cobrando uma diminuição maior dos juros.
A última decisão de redução na Selic havia sido na reunião de agosto de 2020, quando a autoridade monetária finalizou um ciclo de 9 reduções seguidas.
Dias depois de anunciar a redução da Selic, o BC disse ser “pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes” na Selic, a taxa básica de juros.
O texto, no entanto, menciona uma “clara melhora nos índices de inflação cheia” para justificar o corte em 0,50 ponto percentual. O colegiado também diz não haver “evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta”.
O documento ratifica que novos cortes de 0,50 p.p. serão feitos nas próximas reuniões e que há unanimidade no Copom sobre este ponto. Segundo o texto, os integrantes do colegiado avaliam que é o “ritmo apropriado” dentro da política contracionista do Banco Central.