A revista LatinFinance premiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, pelos trabalhos nas políticas fiscal e monetária do Brasil. Eles foram considerados os melhores da América Latina e Caribe em suas respectivas áreas.
Os anúncios foram realizados nesta 3ª feira (10.out.2023). Eis as íntegras dos relatórios de Haddad (PDF – 439 kB, em inglês) e de Campos Neto (PDF – 238 kB, em inglês).
Haddad, 60 anos, foi premiado por sua “habilidade em fazer reformas, ajudadas por seu moderado e pragmático estilo”. A publicação menciona o ambiente político polarizado e o crescimento econômico acima do esperado.
A revista disse que o estilo de Haddad difere de seus antecessores no Ministério da Fazenda e que ele “não precisa falar alto” para defender suas ideias. Afirma também que ele é um “proeminente” integrante do governo de esquerda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Haddad é definido como um “político pragmático” e “pacificador”. De acordo com a publicação, o titular da Fazenda encarou o desafio fiscal como sua 1ª missão e teve de convencer investidores de que seria possível implantar uma agenda de ajustes responsável.
A nova regra fiscal, aprovada no Congresso, é citada. O texto pondera que há críticas ao projeto por não focar em corte de gastos.
Outro ponto mencionado pela LatinFinance é a reforma tributária, em tramitação no Senado, visando à simplificação da cobrança de impostos sobre o consumo. “Depois de 30 anos de impasse nesta questão, Haddad obteve alguns avanços na reforma tributária, e isso não passou despercebido”, diz um trecho.
As mudanças de avaliação de agências de risco sobre perspectivas da economia brasileira também são citadas. Além disso, a revista afirma que Haddad tem a confiança do mercado financeiro.
CAMPOS NETO
Campos Neto, 54 anos, foi premiado pela 2ª vez seguida pela revista. Ele foi reconhecido pela gestão da política monetária no Banco Central. O relatório elogiou a possibilidade de redução da taxa básica, a Selic, antes das economias desenvolvidas.
A revista diz que Campos Neto tem respeito de outros banqueiros centrais e de investidores desde 2019, quando assumiu o comando da autoridade monetária. O trabalho dele foi aprovado “mesmo durante os tempos difíceis” de aumento da inflação em 2021 e 2022, avalia o relatório. “Campos Neto tem estado à frente no combate à inflação”, disse.
O economista-chefe dos mercados emergentes do BC Securities, Walter Molano, disse que a gestão de Campos Neto na política monetária possibilitou a redução da inflação e o BC teve “de longe” o melhor desempenho na América Latina e Caribe em 1 ano.
O Banco Central aumentou a Selic em 11,75 ponto percentual de 2021 a 2022, o maior aperto monetário do Século 21. Manteve o juro base em 13,75% ao ano por 12 meses, até começar a reduzir a taxa em agosto desde ano, quando a inflação suavizou.
O relatório disse que Campos Neto não tem um trabalho fácil como 1º presidente do BC oficialmente autônomo. Avalia que ele teve que “navegar em aguas turbulentas” par resistir às pressões políticas internas para reduzir a taxa Selic mais cedo do que o necessário. “Ele teve a coragem de aumentar as taxas de juros da maneira que fez, teve a coragem de diminuir a pressão política”, disse Molano.
O relatório da LatinFinance disse que Campos Neto tem evitado conflitos com o presidente Lula e ressaltado a importância da autonomia do Banco Central para a política monetária.
A revista britânica “The Banker” premiou Campos Neto por ter sido o melhor banqueiro central de 2020.
A LatinFinance declarou que o novo marco fiscal que limita gastos públicos deverá a levar as expectativas de inflação para as metas.