O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ficará fora do Brasil durante toda a próxima semana e o pacote de revisão de gastos ficará em 2º plano. Viajará à Europa na 2ª feira (4.nov.2024) e voltará na 6ª feira (8.nov), com aterrissagem em São Paulo no sábado (9.nov).
Haddad terá reuniões em 4 capitais, entre elas, em Paris, na França. Com a decisão do ministro de deixar temporariamente o país, o pacote de revisão dos gastos não deve ser apresentado até, pelo menos, 11 de novembro de 2024. Havia expectativa dos investidores de que o conjunto de medidas fossem anunciadas logo depois das eleições municipais, em 27 de outubro.
A demora do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em anunciar medidas tem provocado volatilidade nos ativos financeiros. O dólar comercial se aproximou de R$ 5,80 nesta 5ª feira (31.out) depois que Haddad minimizou a importância do anúncio do pacote.
Disse, ao sair de evento em Brasília, que as perguntas dos profissionais de imprensa sobre o assunto são “forçação boba”. Segundo o Boletim Focus, as projeções dos analistas do mercado financeiro indicam deficits de 0,6% do PIB em 2024, de 0,7% do PIB em 2025, de 0,5% do PIB em 2026 e de 0,3% do PIB em 2027. As metas de superavit primário são de 0% em 2024, de 0% em 2025, de 0,25% em 2026, e de 0,5% em 2027.
CORTE DE GASTOS
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse ao Poder360 na 2ª feira (28.out) que o envio do pacote de gastos tem que ser “rápido”. Afirmou também que é preciso ter coragem para reduzir despesas ineficientes.
Agentes do mercado financeiro esperam um pacote que seja robusto para diminuir a expansão das despesas obrigatórias. O BPC (Benefício de Prestação Continuada), o seguro-desemprego e o abono salarial podem ser alvo de mudanças.
Parte das medidas, porém, têm resistência entre aliados de Lula. Na 4ª feira (30.out), o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, ameaçou pedir demissão caso houvesse corte de gastos em benefícios de sua área.
Haddad disse na 3ª feira (29.out) que Lula estava pedindo informações sobre as medidas e o Ministério da Fazenda estava fornecendo as informações. “Estamos fazendo as contas para ele para fazermos uma coisa ajustadinha”, declarou.
CONTAS PÚBLICAS
Em valores, o Prisma Fiscal mostrou em outubro que as estimativas dos agentes financeiros são de deficits primários de R$ 63,8 bilhões em 2024 e de R$ 88,4 bilhões em 2025.
Os rombos consecutivos nas contas públicas aumentaram o endividamento do país, que atingiu 78,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em agosto, acima de países emergentes. A dívida bruta subiu 4,1 pontos percentuais em 2024 e 6,9 pontos percentuais no governo Lula.
De janeiro a agosto, o Tesouro Nacional registrou um deficit de quase R$ 100 bilhões nas contas públicas.