O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Braga de Andrade, disse que a indústria brasileira está ansiosa pela aprovação da reforma tributária pelo Congresso –a proposta deve ser analisada pela CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) do Senado neste mês.
“São mais de 30 anos que nós esperamos por uma reforma tributária. A tributação no Brasil foi sempre algo muito complexo, um emaranhado difícil de entender”, afirmou em entrevista na noite de domingo (1º.out) ao programa “Canal Livre”, da BandNews TV.
Para ele, o governo e o Congresso Nacional conseguiram chegar a uma proposta adequada. “Claro que setores que nunca pagaram impostos vão ter de pagar um pouco”, disse. “Essa reforma está sendo feita para o povo brasileiro”, acrescentou. “Eu sinto que a CNI deu uma contribuição enorme durante todos esses anos na construção de uma proposta adequada de política tributária para o Brasil”, afirmou.
O presidente da CNI disse pensar que a reforma vai fazer a economia crescer, criar empregos e atrair investimentos para o Brasil.
Ele comentou sobre o Fundo de Desenvolvimento Regional da Reforma Tributária, cujo objetivo é reduzir desigualdades regionais e estimular a manutenção de empreendimentos nas regiões menos desenvolvidas, que deixarão de contar com benefícios fiscais dos tributos extintos.
Segundo ele, o fato de não haver um prazo para o fim do incentivo faz com que a medida seja “inédita” no Brasil. “A ideia do fundo é excelente”, disse.
Braga de Andrade citou 3 fatores principais para que o Brasil atraia mais investidores: crédito “de longo prazo e com custo razoável”, acordos internacionais e investimento em pesquisa, tecnologia e inovação.
Ele declarou que o Brasil não está bem em nenhum dos 3 fatores. “Nós não temos acordos internacionais”, disse, acrescentando que a conclusão do acordo entre a UE (União Europeia) e o Mercosul é “fundamental” para a economia do país.
As exigências feitas pela UE para que o acordo seja finalizado, conforme Braga de Andrade, são as mesmas demandas do mercado. “Hoje, qualquer consumidor que nós tivermos, qualquer cliente nosso, já exige que o nosso produto seja sustentável”, disse. “Você, hoje, não consegue exportar produtos que não estejam comprometidos com a questão das mudanças climáticas”, continuou.
“O Brasil quer discutir a questão de compras governamentais”, afirmou, acrescentando que essa discussão “não tem muito sentido”. Segundo ele, quem faz compra em volumes consideráveis são as cidades e Estados, que estão fora do acordo.
“Nós vamos ter acesso a um mercado de compras governamentais de € 1,5 trilhão e eles [países da UE] vão ter acesso a um mercado de US$ 120 bilhões”, disse. “Então, a troca parece razoável”, finalizou.