O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, alertou no sábado (14.out.2023) sobre mudanças no Oriente Médio caso Israel mantenha os ataques contra a Faixa de Gaza.
“Se o regime israelense continuar os seus crimes contra o povo e os cidadãos palestinos, ninguém pode garantir que o status quo na região permanecerá o mesmo”, disse.
As declarações do chanceler iraniano foram dadas durante seu encontro com o premiê e ministro das Relações Exteriores do Qatar, o sheik Mohammed bin Abdul Rahman Al Thani, no sábado (14.out) em Doha.
Abdollahian afirmou ainda ser “intolerável” as mortes de palestinos na Faixa de Gaza. “Não é tolerável que o regime israelense mate centenas de palestinos todos os dias. Esse crime de guerra, o bloqueio aos residentes de Gaza e o corte no fornecimento de água, alimentos e medicamentos devem acabar”, disse.
O chanceler iraniano também criticou a atuação dos Estados Unidos em relação ao conflito. Disse que o país norte-americano pede “aos outros para demonstrarem autocontenção” ao mesmo tempo que “aumenta seu apoio militar ao regime israelense criminoso”.
O Irã tem se manifestado contra as ofensivas de Israel à Faixa de Gaza, que foram iniciadas depois que o grupo extremista Hamas realizou um ataque surpresa contra o território israelense em 7 de outubro.
Na 5ª feira (12.out), Hossein Amir-Abdolahian disse que, se os bombardeios de Israel à Faixa de Gaza não forem interrompidos, a guerra pode se desdobrar em “outras frentes” –em referência à possível entrada de outros grupos pró-Palestina no conflito, como o libanês Hezbollah.
Uma reportagem do Wall Street Journal publicada no domingo (8.out) –um dia depois do ataque do Hamas a Israel– afirmou que o Irã apoiou o grupo extremista palestino e também o Hezbollah.
O país negou ter envolvimento com o conflito. Entretanto, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Nasser Kanaani, celebrou o ataque do Hamas ao afirmar que teria sido “um ponto de virada no processo de resistência armada do povo palestino contra os sionistas” e inaugurado “um novo capítulo no domínio da resistência”.
Como mostrou o Poder360, a possível entrada do Irã na guerra em Israel faria os preços do petróleo disparar. O Hamas tem relação duradoura com o país, potência militar e econômica que já forneceu apoio político, financeiro e armamentos à organização ao longo de anos.
Além de um arsenal militar robusto, um envolvimento do Irã teria impactos econômicos globais, em especial por causa da maior vantagem geopolítica do país: o controle do estreito de Ormuz.
Segundo dados do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), o preço do barril deve ficar em US$ 86,50. Entretanto, se o estreito de Ormuz for fechado, este valor pode disparar. Estimativas iniciais indicam um possível aumento nos preços do barril para US$ 110.