O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu reforçar o apoio militar a Israel depois que o grupo extremista Hamas lançou um ataque sem precedentes contra o país em 7 de outubro. O Estado israelense já é o maior beneficiário de ajuda militar dos EUA: só em 2023, foram US$ 3.8 bilhões. As informações são da Al Jazeera.
Cidadãos com mais de 18 anos são obrigados a prestar serviço militar em Israel, com duração de 32 meses para homens e 24 meses para mulheres. O país possui uma das forças militares mais poderosas do Oriente Médio, com 169.500 militares ativos nas forças terrestre, naval e paramilitar, de acordo com o “Military Balance 2023” do International Institute for Strategic Studies (IISS).
Além disso, o país conta com 465 mil reservistas e 8.000 integrantes nas forças paramilitares. Atualmente, cerca de 300 mil soldados israelenses estão posicionados próximos à Faixa de Gaza, desde a ofensiva do Hamas no sábado (7.out).
As forças armadas dos EUA e de Israel participam de exercícios conjuntos, programas de desenvolvimento tecnológico e projetos de defesa. Depois da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), entre 1946 e 2023, os EUA deram a Israel US$ 124 bilhões em ajuda militar e de defesa. Nesse período, o país chegou a receber um total de US$ 263 bilhões em assistência externa dos Estados Unidos.
Dos US$ 3,8 bilhões fornecidos este ano, US$ 500 milhões foram para sistemas de defesa de mísseis israelenses.
Depois da ofensiva do Hamas, Washington prometeu repor os armamentos israelenses usados na guerra, assim como fornecer às Forças de Defesa de Israel equipamentos e recursos adicionais, incluindo munições. Espera-se que a administração Biden aloque mais verbas para Tel Aviv por meio de uma solicitação de financiamento ao Congresso.
Na 3ª feira (10.ago), acompanhado da vice-presidente, Kamala Harris, e do secretário de Estado, Antony J. Blinken, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que apoia os israelenses e lembrou que tanto os EUA quanto Israel são democracias e devem agir “de acordo com o Estado de Direito”.
“Garantiremos que Israel tenha o que é necessário para cuidar dos seus cidadãos, cuidar de si mesmo e responder a este ataque. Não há justificativa para o terrorismo. Não há desculpa”, afirmou o presidente norte-americano.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse ter conversado com Biden e agradecido pelo apoio dos EUA. Netanyahu voltou a comparar o Hamas ao Estado Islâmico. “Nunca vimos tal barbárie em toda a história do Estado de Israel. Eles são ainda piores que o Estado Islâmico –e é assim que devemos tratá-los”, disse.
Na 2ª feira (9.out), líderes dos EUA, França, Alemanha, Itália e Reino Unido emitiram uma declaração conjunta em apoio a Israel e condenaram o Hamas por suas “ações terroristas”. A nota dizia ainda que os países apoiarão Israel em seus esforços de autodefesa e na “proteção de seu povo”. Leia a íntegra (PDF 122 kB, em inglês).
“Ressaltamos que as ações terroristas do Hamas não têm justificativa, legitimidade alguma, e devem ser universalmente condenadas. Nunca há justificativa para o terrorismo”, diz trecho do documento. Também disseram que este não é o momento para qualquer “parte hostil a Israel” tirar proveito dos ataques para obter vantagens.
O número de mortes por conta do conflito armado entre Israel e o grupo extremista Hamas chegou a 2.300. Desses, 1.100 são palestinos, segundo dados divulgados nesta 4ª feira (11.out) pelo Ministério da Saúde da Palestina, e pelo menos 1.200 são israelenses, conforme a Defesa de Israel.
ENTENDA O CONFLITO
Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.
O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.
O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.
A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), Guerra dos 6 Dias (1967), 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.
Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), na intenção de criar um Estado judeu. No entanto, árabes recusaram a divisão, alegando terem ficado com as terras com menos recursos.
ATAQUE A ISRAEL
O Hamas, grupo radical islâmico de orientação sunita, realizou um ataque surpresa a Israel no sábado (7.out). Israel declarou guerra contra o Hamas e começou uma série de ações de retaliação na Faixa de Gaza, território palestino que faz fronteira com Israel e é governado pelo Hamas.
Os ataques do Hamas se concentram, até o momento, ao sul e ao centro de Israel. Caso o Hezbollah faça novas investidas na fronteira com o Líbano, um novo foco de combate pode se estabelecer ao norte de Israel.
O tenente-coronel israelense, Richard Hecht, afirmou que o país “olha para o Norte” e que espera que o Hezbollah “não cometa o erro de se juntar [ao Hamas]”.