O Itamaraty determinou nesta 2ª feira (9.dez.2024) a retirada do corpo diplomático brasileiro da embaixada do Brasil em Damasco, na Síria. A decisão se deu para assegurar a integridade dos funcionários depois que outros consulados foram atacados no sábado (7.dez) e no domingo (8.dez).
Em nota, o Itamaraty afirmou que o embaixador do Brasil na Síria, André Luiz Azevedo dos Santos, e os outros funcionários do Ministério das Relações Exteriores ficarão temporariamente em Beirute, no Líbano, “em razão das incertezas e instabilidade do atual contexto naquele país”.
O deslocamento foi realizado em conjunto com funcionários de outras Embaixadas sediadas em Damasco. Ainda no comunicado, o Itamaraty afirmou que “permanece monitorando a situação dos brasileiros na Síria e prestando-lhes a assistência consular cabível, de forma remota, a partir de Beirute”.
A tensão no país se agravou no fim de semana depois de rebeldes tomarem o controle do país e derrubarem o então presidente Bashar al-Assad, que estava no poder há 24 anos. Ele dava continuidade a gestão de seu pai, Hafez al-Assad, chefe de Estado sírio por 30 anos.
Guerra Civil na Síria
Grupos extremistas opositores ao presidente Bashar al-Assad, liderados pelo islâmico fundamentalista HTS (Hayat Thrir al-Sham), retornaram de modo repentino com o conflito armado depois de anos de estagnação da guerra civil iniciada em 2011. Os rebeldes conquistaram a capital Damasco no domingo (8.dez) e anunciaram a fuga do presidente do país.
O HTS nasceu em 2011 como um grupo filiado à Al Qaeda do Iraque e com ideologia jihadista, ou seja, que defende uma “guerra santa” para instituir a Sharia, a lei islâmica. O regime de Assad, por outro lado, é secular; ou seja, separa o governo da religião.
Na guerra civil síria, a Rússia atuou como aliada de al-Assad no conflito histórico. Ao The Wall Street Journal, a pesquisadora do Carnegie Endowment for International Peace, Nicole Grajewski, afirmou que o apoio de Putin foi crucial para a sobrevivência de Assad durante os anos. Segundo ela, para Putin, a Síria “também foi um projeto ideológico”.
“Ver aviões russos deixando a Síria enquanto forças rebeldes avançam em direção às suas bases aéreas e os ativos em Damasco caem seria devastador para a imagem que a Rússia tem de si mesma”, disse Grajewski.
Durante a guerra civil síria, a Rússia foi um dos maiores exportadores de armas do mundo, tendo o Irã como principal cliente. No entanto, a concentração da Rússia no conflito com a Ucrânia tem limitado sua capacidade de apoiar Assad.