O Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou nesta 6ª feira (19.abr.2024) que acompanha “com grave preocupação” a escalada de tensões entre Irã e Israel. O comunicado foi divulgado depois de, em retaliação, o governo israelense lançar ataques contra o território iraniano na noite de 5ª feira (18.abr).
“O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada”, disse a nota do Itamaraty (leia a íntegra mais abaixo).
Essa é a 2ª vez que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifesta sobre a situação. Entretanto, evitou condenar ações dos 2 países.
Depois do ataque do Irã a Israel, em 13 de abril, o governo publicou uma nota dizendo que o Itamaraty vinha alertando sobre o “potencial destrutivo do alastramento das hostilidades à Cisjordânia e para outros países, como Líbano, Síria, Iêmen e, agora, Irã”.
Na 2ª feira (15.abr), o chanceler Mauro Vieira foi questionado sobre o tom mais moderado usado pelo Ministério das Relações Exteriores para se referir ao ataque do Irã contra Israel, diferente de quando o governo israelense bombardeou a Embaixada iraniana em Damasco, na Síria, no início de abril.
Mesmo sem ter soltado um novo comunicado, agora, o chefe do Itamaraty minimizou a diferença entre as duas notas. Afirmou que no fim de semana as informações ainda seriam escassas.
“Ela [nota sobre o ataque do Irã contra Israel] foi feita à noite, às 23h, quando todo o movimento começou. E nós manifestamos o temor de que o assunto, o início da operação, pudesse contaminar outros países. Isso foi feito à noite, num momento em que não tínhamos claros a extensão e o alcance das medidas tomadas; e sempre fizemos um apelo para contenção e entendimento entre as partes”, disse Vieira durante uma entrevista a jornalistas.
Eis a íntegra da nota divulgada pelo Itamaraty nesta 6ª feira (19.abr):
“O Brasil continua a acompanhar, com grave preocupação, episódios da escalada de tensões entre o Irã e Israel, desta vez com o relato de explosões na cidade iraniana de Isfahan.
“O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada.
“Esse apelo foi transmitido diretamente pelo Ministro Mauro Vieira ao chanceler do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, em encontro bilateral ocorrido hoje na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York.”
IRÃ X ISRAEL
O ataque iraniano de 13 de abril de 2024 era esperado. O país havia prometido retaliar os israelenses pelo bombardeio que matou 8 pessoas na embaixada do Irã em Damasco (Síria), em 1º de abril, incluindo um general da Guarda Revolucionária. Os países culparam Israel, apesar de o país não ter assumido a responsabilidade, embora na comunidade internacional se dê como certo que a ordem teria vindo de Tel Aviv.
Em 18 de abril, Israel lançou ataques contra o Irã em retaliação. O governo israelense já havia afirmado que contra-atacaria o país, em resposta aos cerca de 300 drones e mísseis lançados em direção a Israel.
A seguir, leia mais sobre o ataque e seus reflexos:
- o que disse Israel – que responderá na hora certa;
- o que disse o Irã – que agiu em legítima defesa;
- reações pelo mundo – o G7, grupo com 7 das maiores economias do planeta, condenou o ataque “sem precedentes” e reforçou seu compromisso com a segurança de Israel;
- reação do Brasil – o Itamaraty disse acompanhar a situação com “preocupação” e não condenou a ação iraniana; depois, o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) afirmou que o governo Lula condena qualquer ato de violência ao ser indagado por jornalistas;
- Brasil decepcionou – o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, disse ao Poder360 que ficou desapontado com a nota brasileira;
- Brasil acertou – já para o ex-ministro e diplomata de carreira Rubens Ricupero, o Itamaraty acertou no tom. Falou ao Poder360 que não há motivos para o país “tomar uma posição de um lado ou de outro”;
- impacto no petróleo – uma possível guerra entre Irã e Israel deve fazer o preço da commodity subir e pressionar a Petrobras (BVMF:PETR4) a aumentar combustíveis;
- vídeos – veja imagens do ataque do Irã.