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Janaina Paschoal desmente áudio apoiando golpe e convocando manifestantes

Publicado 10.11.2022, 12:33
Atualizado 10.11.2022, 15:41
© Reuters.  Janaina Paschoal desmente áudio apoiando golpe e convocando manifestantes

A deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB-SP) fez um apelo para que os manifestantes que fazem atos contra o resultado da eleição presidencial "tenham calma e voltem para as suas casas". Um áudio falsamente atribuído a ela convoca apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) a irem às ruas pedir "intervenção militar" e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A parlamentar afirma ser a favor do direito de se manifestar, mas argumenta que os eleitores foram "instrumentalizados" com "intuito eleitoreiro".

No áudio em questão, uma mulher não identificada afirma que, "se os militares entrarem, cai todo o sistema corrupto", defendendo que haja um golpe de Estado no País. A "falsa Janaína" exalta o relatório entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo Ministério da Defesa, que, embora não cite a palavra "fraude" e tenha chegado à mesma contagem de votos feita pela Corte, insiste na tese de que um suposto "código malicioso" possa interferir no funcionamento das urnas eletrônicas.

O áudio não coincide com a posição defendida por Janaina Paschoal. A deputada afirma que não votou no candidato do PT, mas já reconheceu a vitória do líder de esquerda e reitera que o resultado das urnas deve ser respeitado. Ela aponta, ainda, que a mulher que gravou o áudio utiliza "palavrões" e comete diversos "erros de concordância" em sua fala. "Eu não vejo nem similitude na voz, na forma de a pessoa falar", disse.

Sobre o relatório da Defesa, a deputada afirmou ao Estadão que considera "irresponsável" que a pasta insufle a população com a tese de fraude nas urnas eletrônicas. Ela classificou a postura do ministério como "ambígua", o que, segundo ela, estimula "falsas esperanças" nos eleitores que estão frustrados com a vitória de Lula.

"Penso ser uma irresponsabilidade o Ministério da Defesa adotar uma postura ambígua. Se houve alguma irregularidade nesta eleição de 2022, que tenham coragem de apontar com clareza. Se não houve, que cessem as mensagens cifradas, que findam estimulando falsas esperanças na população infeliz com o resultado. Não votei em Lula, mas não gosto de ver o povo sendo instrumentalizado", disse.

Desde o fim da apuração dos votos do segundo turno, grupos bolsonaristas vão às ruas pedir "intervenção federal" para anular o resultado das urnas. O movimento, que foi desidratando ao longo dos dias, chegou a bloquear total ou parcialmente mais de mil trechos de rodovias federais pelo País. Manifestantes também fazem atos em frente a bases militares. Em São Paulo, um dos pontos que registra protestos é o Comando Militar do Sudeste, que fica em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Reação de Moraes

Em nota divulgada nesta quinta-feira, 10, a Defesa afirmou que o relatório entregue à Corte eleitoral não exclui a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas. "O Ministério da Defesa esclarece que o acurado trabalho (...), embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022", diz o documento.

"Por isso, o Ministério da Defesa solicitou ao TSE, com urgência, a realização de uma investigação técnica sobre o ocorrido na compilação do código-fonte e de uma análise minuciosa dos códigos que efetivamente foram executados nas urnas eletrônicas", segue a nota.

O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, já deu por encerrada a fiscalização do Ministério da Defesa no sistema eletrônico de votação. Questionado nesta quinta-feira, 10, sobre as providências que adotaria a partir do pedido das Forças Armadas de instauração de investigação urgente sobre as urnas, Moraes afirmou: "esse assunto já se encerrou faz tempo".

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