O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou nesta 4ª feira (22.nov.2023) em reunião virtual da Cúpula do G20. O petista celebrou o acordo entre Israel e Hamas que estabelece a libertação de reféns e cessar-fogo de 4 dias e disse esperar que decisão trilhe um caminho para o fim definitivo da guerra. Falou ainda sobre a presidência do Brasil no G20, que começa em dezembro e terá como foco o desenvolvimento sustentável e o combate às desigualdades.
Assista à integra do discurso (5min35s):
Leia a íntegra do discurso:
“Meus amigos e minhas amigas,
“Quero, uma vez mais, reiterar meus cumprimentos ao primeiro-ministro Narendra Modi, pelo excelente trabalho dele e de sua equipe por ocasião da presidência indiana.
“Poucas semanas após o nosso último encontro presencial, o mundo está ainda mais complexo.
“Rivalidades geopolíticas persistem, a economia global desacelera e as consequências das mudanças climáticas se sucedem.
“O recrudescimento do conflito no Oriente Médio vem somar-se às múltiplas crises que já enfrentávamos.
“Quero saudar o acordo anunciado hoje entre Israel e o Hamas, que envolve a libertação de reféns (mulheres e crianças) em troca de uma trégua temporária de 4 dias e da libertação de prisioneiros palestinos (mulheres e crianças).
“Espero que esse acordo possa pavimentar o caminho para uma saída política e duradoura para este conflito e para a retomada do processo de paz entre Israel e Palestina.
“Esse conjunto de desafios vai exigir vontade política e determinação por parte de governantes e dirigentes de todos os países e organismos internacionais.
“Por meio do diálogo, temos de recolocar o mundo no caminho da paz e da prosperidade.
“O G20 tem um papel central a cumprir.
“Em poucos dias, daremos início à presidência brasileira, que terá como eixo condutor a redução das desigualdades.
“Como indiquei em Nova Délhi, elegemos 3 linhas de ação para estruturar os trabalhos do grupo:
“1) a inclusão social e o combate à fome e à pobreza;
“2) a transição energética e o desenvolvimento sustentável; e
“3) a reforma da governança global.
“O lema da presidência brasileira – “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável” – reflete essas prioridades.
“Estamos criando 2 forças-tarefa, uma contra a fome e a desigualdade e outra contra a mudança do clima.
“Também lançaremos uma iniciativa para a bioeconomia.
“Vamos buscar resultados concretos, que gerem benefícios para os mais pobres e vulneráveis, em todo o planeta.
“O G20 ajudará a alavancar iniciativas multilaterais em curso.
“Precisamos recuperar a tripla dimensão do desenvolvimento sustentável e acelerar o ritmo de implementação da Agenda 2030.
“O Brasil sediará, em 2025, a COP30: a 1ª COP na Amazônia.
“Queremos trabalhar no G20 para chegar lá com uma agenda climática ambiciosa que assegure a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas.
“Isso só será possível abordando seriamente o endividamento, o acesso a financiamento e mecanismos progressivos de tributação.
“Também vamos discutir como fortalecer a governança global para lidar com antigas e novas questões.
“Uma maior diversidade de vozes precisa ser levada em conta.
“É por isso que saudamos a incorporação da União Africana como membro pleno neste fórum.
“O Brasil tem noção do tamanho da sua responsabilidade.
“A partir do dia 1º de dezembro divulgaremos o calendário e as notas conceituais que orientarão os trabalhos nas várias instâncias do G20.
“Dia 13 de dezembro receberei em Brasília os representantes das Trilhas Política e de Finanças.
“Queremos fomentar maior coordenação entre ambas as trilhas.
“Os grupos técnicos e as reuniões ministeriais preparatórias serão sediadas em várias cidades de todas as 5 regiões do nosso país.
“Jovens, mulheres, trabalhadores, empresários, povos indígenas, parlamentares, cientistas, acadêmicos e representantes de todos os outros grupos vulneráveis precisam ser ouvidos como artífices e beneficiários do desenvolvimento sustentável.
“Por isso, asseguraremos ampla participação social nos trabalhos do G20 e sediaremos uma cúpula da sociedade civil, previamente à reunião dos líderes.
“Terei a honra de recebê-los no Rio de Janeiro, em novembro de 2024.
“Muito obrigado.”