O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI) disse que o partido se manterá como oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mesmo com André Fufuca no Ministério do Esporte. Segundo o congressista, o Lula de 2022 é “muito pior” do que o de 2002 e está “sem tesão” de governar.
“Considero o PP um partido de oposição, porque foi assim que as urnas nos deixaram. Venceu o presidente Lula na eleição, mas não vejo nada desse governo que possa nos atrair”, afirmou ao Correio Braziliense em entrevista publicada neste domingo (24.set.2023). “Não tem identificação com as bandeiras do partido ou com a atuação dos deputados, com a defesa histórica do partido. Por conta disso, nós somos oposição.”
O senador assumiu que alguns congressistas do partido votam com o governo, mas afirmou que a sigla analisará cada pauta conforme suas “cláusulas pétreas”. O comando do PP lançou na última semana uma “agenda central” com regras “inegociáveis” que deverão ser seguidas por todos os filiados. O documento (PDF – 121 kB), na prática, pode dificultar a aprovação de propostas do governo Lula no Congresso.
“Matérias que atendam a isso [às regras], se vierem ou não do governo, contarão com nosso apoio”, afirmou Ciro. “A volta do imposto sindical, retrocesso da reforma tributária, são bandeiras que o governo quer apresentar, mas sabe que não tem respaldo no Congresso para aprovar. O governo virá com uma pauta de aumento de carga tributária, essas são pautas que nós não vamos votar”, acrescentou.
O senador disse ter se posicionado contra a entrada de Fufuca no governo. “Eu pedi que ele não assumisse, foi uma decisão dele, não foi uma indicação do partido, foi uma decisão dele”, disse. “Não teve uma reunião da bancada que aprovou isso, o partido nunca se reuniu para debater um apoio ao governo, que seria natural, um bate-papo, se apoia o governo ou não. Nunca houve essa reunião”, completou.
Ele se declarou contrário ao PP assumir o comando da Caixa Econômica Federal –como teria sido definido por Lula na reforma ministerial que levou Fufuca ao Ministério do Esporte.
“Por mim, o meu partido não deveria fazer indicações para esse governo. Eu não gostaria que meu partido estivesse participando desse governo”, disse Ciro Nogueira.
O senador afirmou que a gestão Lula “só pensa em gastar” e não apresenta propostas para cortar despesas. Por isso, se colocou contra projetos apresentados na área econômica, como a taxação dos fundos exclusivos.
“Sou favorável em tirar dos superricos daqui e diminuir [a carga tributária] da classe trabalhadora, dos mais pobres. O governo não quer isso, só quer arrecadar mais, não quer fazer justiça fiscal, que é cobrar de quem tem mais e reduzir a carga dos trabalhadores das pessoas de baixa renda. E quer arrecadar mais para aumentar ministério, para aumentar cargos, essas coisas”, declarou, acrescentando que a reforma tributária deve ser aprovada no Senado desde que “se coloquem limites”.
Entre esses limites, o senador citou a alíquota máxima do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que substituirá impostos federais. “O governo vai querer aumentar para 30%, ou mais. Daí, essa reforma que, em vez de vir para o bem, vai ser pior, com o governo querendo arrecadar mais”, afirmou. Para o congressista, o máximo deveria ser 25%.
Questionado sobre sua opinião sobre o governo, Ciro Nogueira respondeu: “Eu já disse na campanha que Lula, em 2022, é muito pior do que o Lula de 2002. O Lula de 2002 era um homem que entrou para tentar diminuir a pobreza, a fome, a miséria. Esse Lula aqui só veio atrás de cargos para a companheirada”.
E completou: “A vida das pessoas está muito mais difícil. Faça uma pesquisa de opinião, as pessoas acham que a vida está piorando em vez de melhorar. E é um presidente que prometeu picanha, cerveja, prometeu melhorar a vida das pessoas”.
Segundo o senador, Lula “está sem tesão de governar o Brasil, passa o tempo todo só viajando” e não fará uma boa gestão.
“Não estou torcendo contra o piloto se eu estou dentro do avião, mas não vejo como um governo que só pensa em gastar, só pensa em aparelhar o Estado dê certo”, disse. “Vamos ver, daqui a pouco, as nossas estatais dando prejuízo. É um presidente que se reúne mais com o presidente da Argentina do que com 15 ministros do seu governo. Eu queria ver em uma entrevista o Lula responder o nome de todos os seus ministros.”