(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que "ainda" não reconhece Nicolás Maduro como presidente reeleito da Venezuela após a contestada eleição presidencial naquele país, e sugeriu um governo de coalizão ou novas eleições como possíveis soluções para o impasse venezuelano.
Em entrevista à rádio T, do Paraná, Lula voltou a dizer que não pode tomar uma posição sobre a eleição venezuelana -- a qual tanto Maduro quanto o candidato da oposição, Edmundo González, afirmam ter vencido -- até que autoridades venezuelanas apresentem as atas das seções eleitorais do país.
"Ainda não. Ainda não. Ele (Maduro) sabe que está devendo uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo. Ele sabe disso", disse Lula ao ser questionado se reconhecia Maduro como presidente reeleito da Venezuela.
O presidente afirmou na entrevista que o Brasil tem trabalhado com a Colômbia na tentativa de encontrar uma saída para a situação da Venezuela.
"Se ele (Maduro) tiver bom senso, ele poderia fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário que participe todo mundo e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro para ver as eleições", disse Lula.
"Tem várias saídas. Fazer um governo de coalizão. Convoca a oposição. Muita gente que está no meu governo não votou em mim, e eu trouxe todo mundo para participar do governo", acrescentou o presidente, que afirmou também ainda não ter conversado com Maduro após a eleição.
Lula também defendeu a posição de cautela que tem sido adotada por seu governo em meio à crise gerada pelo impasse eleitoral na Venezuela e reiterou a necessidade de apresentação das atas eleitorais.
"Tem que apresentar os dados. Agora, os dados têm que ser apresentados por algo que seja confiável", afirmou.
"Eu não posso dizer que a oposição foi vitoriosa, porque eu não tenho os dados. E muito menos eu posso dizer que o Maduro foi vitorioso, porque eu não tenho os dados. Eu não quero me comportar de forma apaixonada ou precipitada... Eu quero o resultado."
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)