O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou oficialmente nesta 2ª feira (18.nov.2024) a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, sua principal iniciativa à frente do comando do G20. Disse que a proposta será seu maior legado e que o destino do projeto nasce na reunião de cúpula dos líderes do bloco, mas seu destino “é global”.
“A fome e a pobreza não são resultados da escassez ou de fenômenos naturais. […] É produto de decisões políticas, que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade. Compete aos que estão aqui em volta desta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade. […] Este será o nosso maior legado. Não se trata apenas de fazer justiça. Essa é uma condição imprescindível para construir sociedades mais prósperas e um mundo de paz”, disse em seu discurso na abertura da sessão em que lançou a aliança.
De acordo com o presidente, 81 países aderiram formalmente à iniciativa, além de 26 organizações internacionais, 9 instituições financeiras e 31 instituições filantrópicas e não governamentais.
O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), presidido pelo brasileiro Ilan Goldfajn, se comprometeu a destinar até US$ 25 bilhões (R$ 145 bilhões) para financiar ações da Aliança. São linhas que o banco já tem e poderão ser usadas também com essa função. O Banco Mundial também deverá financiar os países que apoiarem a Aliança.
Lula disse que o mundo está pior hoje do que em seus outros 2 mandatos por causa do número recorde de conflitos armados desde a 2ª Guerra Mundial, o deslocamento forçado de populações e os fenômenos climáticos devastadores que atingem diversas regiões do planeta.
“As desigualdades sociais, raciais e de gênero se aprofundam, na esteira de uma pandemia que ceifou mais de 15 milhões de vidas. O símbolo máximo na nossa tragédia coletiva é a fome e a pobreza”, disse.
Com Estados Unidos, Rússia, China e outros países com altos investimentos no setor bélico, Lula disse ser inaceitável que os gastos militares no mundo cheguem a US$ 2,4 trilhões enquanto pessoas passam fome.
“Segundo a FAO [Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura], em 2024, convivemos com um contingente de 733 milhões de pessoas ainda subnutridas.
É como se as populações do Brasil, México, Alemanha, Reino Unido, África do Sul e Canadá, somadas, estivessem passando fome. São mulheres, homens e crianças, cujo direito à vida e à educação, ao desenvolvimento e à alimentação são diariamente violados”, disse.
O encontro dos líderes do G20 é realizado no Museu de Arte Moderna (NASDAQ:MRNA) do Rio, localizado na Aterro do Flamengo, zona sul da capital carioca.
A aliança global tem como meta alcançar 500 milhões de pessoas com programas de transferências de renda e sistemas de proteção social até 2030.
As ações se concentram em países de baixa e média renda. A Aliança terá uma administração independente, com gastos de aproximadamente US$ 3 milhões por ano (R$ 17,4 milhões).
Diplomatas de países do G20 criticam a Aliança por avaliar que se sobrepõe a ações existentes e atribuições de instituições da ONU (Organização das Nações Unidas).
Eis as metas da Aliança:
- expandir as merendas escolares de alta qualidade para mais 150 milhões de crianças em países com fome e pobreza infantil endêmica;
- iniciativas em saúde materna e primeira infância terão como objetivo alcançar outras 200 milhões de mulheres e crianças de 0 a 6 anos;
- programas de inclusão socioeconômica, que buscam atingir 100 milhões de pessoas adicionais, com foco nas mulheres.