O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é mais paciente, enquanto Jair Bolsonaro (PT), ex-chefe do Executivo, era “disperso”.
Ele participou na madrugada desta 3ª feira (3.out.2023) do programa “Conversa com Bial”, da TV Globo. Campos Neto afirmou estar “bem alinhado” com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e que não fica preocupado com os ruídos a curto prazo das pressões políticas.
Pedro Bial, que conduziu a entrevista, disse que Campos Neto virou o “malvado favorito” do atual governo, mas “não se deixou abater”. O jornalista e apresentador chamou o presidente do BC de diplomata ao responder questões sobre sua relação com Lula.
Campos Neto comanda o BC desde o governo Jair Bolsonaro (PL). Foi indicado pelo adversário político de Lula. Com a autonomia da autoridade monetária, sancionada em 2021, ele e os 8 diretores têm mandatos de 4 anos. O presidente do Banco Central disse que fica no cargo até o fim de seu mandato, em 31 de dezembro de 2024. Ele poderá ser reconduzido por mais 4 anos, mas afirmou ser contrário.
“O Lula gasta mais tempo prestando atenção no que você fala. Ele dedica mais tempo, tem mais paciência para as conversas”, disse Campos Neto. “Bolsonaro era mais rápido. Eu sempre sabia que, quando tinha uma conversa com Bolsonaro, eu tinha 3 minutos para falar alguma coisa. Depois dos 3 minutos, ia ser mais difícil, porque ele ficava mais disperso”, completou.
O BC foi o principal alvo de críticas de Lula e aliados do governo em 2023. Até 27 de setembro, data da 1ª reunião entre os presidentes da República e da autoridade monetária, Campos Neto havia sido criticado 113 vezes.
Campos Neto disse que não era “tão próximo” do ex-presidente. “Bolsonaro me deu, sempre, toda liberdade, nunca tive nenhum problema. Nunca ligou para reclamar de nada. Nunca interferiu em nada, zero”, declarou. “A gente, às vezes, escuta muito ‘ah, presidente autoritário’. Eu não era tão próximo, mas no que tangia ao meu trabalho, eu sempre tive liberdade total”, acrescentou.
Questionado sobre os juros, ele afirmou que, “dada as condições”, o ritmo de cortes sequenciais de 0,5 ponto percentual da taxa básica, a Selic, é “apropriado”. Segundo Campos Neto, a inflação está “no caminho correto”.