O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encaminhou ao Senado na noite desta 3ª feira (3.dez.2024) os nomes dos 3 indicados para ocupar vagas na diretoria do BC (Banco Central).
A expectativa é que a sabatina dos indicados (leia sobre o perfil de cada um no final deste texto) fique para 11 de dezembro, segundo o presidente da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO).
Nilton José Schneider David será o responsável por ocupar o cargo que hoje é de Gabriel Galípolo, que deixará a Diretoria de Política Monetária para substituir Roberto Campos Neto na presidência do BC. Nilton é chefe de Operações Tesouraria do Banco Bradesco (BVMF:BBDC4). Ficará no cargo até 28 de fevereiro de 2027, caso tenha indicação aprovada.
Izabela Correia substituirá Carolina de Assis Barros na diretoria de Relacionamento Institucional, Cidadania e Supervisão de Conduta. Ela será a única mulher da diretoria. Antes de Lula assumir o governo, a diretoria era composta por duas mulheres (Carolina de Assis Barros e Fernanda Magalhães). Se nomeada, fica no cargo até 31 de dezembro de 2028.
Gilneu Vivan substituirá Otavio Damaso na Diretoria de Regulação. Damaso era o diretor mais antigo, indicado por Dilma Rousseff (PT) e reconduzido ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A diretoria de Regulação é, historicamente, ocupada por funcionários públicos do Banco Central. Também fica no cargo até 31 de dezembro de 2028.
LULA TERÁ MAIORIA
Em 2025, Lula terá indicado 7 dos 9 integrantes do Copom (Comitê de Política Monetária), que define a taxa básica, a Selic. Da gestão Bolsonaro, só Renato Dias de Brito Gomes (Organização do Sistema Financeiro e Resolução) e Diogo Abry Guillen (Política Econômica) permanecem. Os mandatos dos 2 terminam em 31 de dezembro de 2025. Lula poderá indicar mais 2 no próximo ano.
Apesar das mudanças, o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, declarou nesta 6ª feira (29.nov.2024) que a taxa básica, a Selic, deverá ficar em patamar elevado por “mais tempo”. Também criticou, sem citar nomes, quem faz críticas à autoridade monetária: “O arcabouço legal e institucional que existe da política monetária hoje está muito claro. O Banco Central não recebe comandos por entrevistas, por post em redes social”.
A presidente do PT (Partido dos Trabalhadores), deputada Gleisi Hoffmann (PR), é uma das aliadas de Lula que mais critica a autoridade monetária.
SAIBA QUEM SÃO OS INDICADOS
- Nilton José Schneider David:
Nilton é economista e se formou em 1995 na Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP (Universidade de São Paulo). Também tem graduação em engenharia de produção na mesma instituição, em 1994. Trabalha desde 1995 no mercado financeiro. Ficou 5 anos (de 1995 a 2000) no grupo Citi, onde atuou em Nova York, Londres, México e São Paulo. Atuou no Goldman Sachs (NYSE:GS) de 2000 a 2002.
O economista também passou pela Barclays (LON:BARC) (2002 a 2003), Canvas Capital (2014-2016), Morgan Stanley (NYSE:MS) (2016 a 2029). Está no Bradesco desde 2019.
- Izabela Moreira Correa
É funcionária pública do Banco Central desde 2006 e a atual Secretária de Integridade Pública da CGU (Controladoria Geral da União). Foi pesquisadora de pós-doutorado na Escola de Governo da Universidade de Oxford e tem doutorado em Governo pela London School of Economics and Political Science (2017). É mestre em ciência política pela Universidade Federal de Minas Gerais e graduada em administração pública pela Escola de Governo da Fundação João Pinheiro.
- Gilneu Francisco Astolfi Vivan
É funcionário do Banco Central desde 1994, atualmente é chefe do Denor (Departamento de Regulação do Sistema Financeiro). Mestre e bacharel em economia pela UnB (Universidade de Brasília) e UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Até o início de 2024, atuou como chefe do Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro Nacional. Também representou o Brasil em diversos grupos internacionais, tais como Analytical Group on Vulnerabilities, do Financial Stability Board, responsável por avaliar as ameaças ao sistema financeiro mundial.