Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou cerimônia do conselho indigenista para assinar a homologação de dois territórios indígenas -- e não seis, como esperado --, prometendo atuar para desocupar as demais áreas sem a necessidade de violência.
O presidente discursou no encerramento da 1ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI), entidade que havia sido extinta pela gestão anterior de Jair Bolsonaro.
"Esse conselho é algo mais importante do que uma comissão. São vocês que vão orientar o governo sobre as decisões de políticas para os povos indígenas que nós vamos colocar em prática neste país", disse o presidente a uma plateia formada por ministros e representantes dos povos indígenas.
"E se eu começo aqui dizendo que isso aqui é uma comissão da verdade, eu começo sendo muito verdadeiro com vocês", disse Lula, relatando que recebeu de seu ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, na semana passada, uma lista de seis terras prontas para serem homologadas durante a retomada do conselho.
"Nós decidimos assinar só duas (homologações). Eu sei que isso frustrou alguns companheiros e algumas companheiras. Mas eu fiz isso para não mentir para vocês. Eu fiz isso porque nós temos um problema. E é melhor a gente tentar resolver o problema antes de a gente assinar", argumentou.
Segundo o presidente, há casos, entre os quatro territórios não homologados, em que as terras estão ocupadas por fazendeiros, mas também há situações de ocupação por populações não indígenas, mas em situação de vulnerabilidade. Ainda de acordo com o presidente, alguns governadores entraram em contato e pediram "mais tempo" para se buscar uma solução.
"Porque eu não posso chegar lá com a polícia e ser violento com as pessoas que estão lá. Eu tenho que ter o cuidado de oferecer para essas pessoas uma possibilidade outra para que vocês possam entrar tranquilamente na terra", argumentou.
De qualquer forma, garantiu Lula, as homologações estão prontas para serem assinadas.
"O que nós queremos é não prometer pra vocês uma coisa hoje e amanhã vocês lerem no jornal que a Justiça tomou uma decisão contrária. A frustração seria maior, como foi o marco temporal, que vocês viram: eu vetei tudo, mas aí eles derrubaram o meu veto. E agora nós estamos a continuar brigando na Justiça para manter a decisão que a Suprema Corte já tinha tomado."
As duas terras homologadas nesta quinta-feira por Lula estão localizadas na Bahia e no Mato Grosso.