O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer usar a data do 7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil, para apresentar um discurso de pacificação do país, desvincular símbolos nacionais atrelados ao bolsonarismo e fazer um gesto de aproximação às Forças Armadas.
Com o slogan “Democracia, soberania e união”, o governo irá usar as cores da bandeira nacional, em especial o verde e o amarelo, na campanha publicitária sobre a data comemorativa.
Parte dos militares aderiu ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante seu governo e, agora, Lula tenta aprimorar a relação com a caserna e reduzir a partidarização das forças. Em um evento essencialmente militar, o discurso em defesa da democracia visa justamente minimizar a adesão da categoria ao bolsonarismo, na avaliação do governo.
Lula também priorizará a defesa da Amazônia e da cooperação internacional em prol do meio ambiente. O tema é um dos principais motes do presidente, especialmente quando fala a estrangeiros. O petista definiu este como um dos eixos centrais de seu 3º mandato.
O movimento do governo contrasta com o momento em que militares são investigados pela participação nos atos extremistas do 8 de Janeiro. As apurações sobre possível venda de joias recebidas como presentes pelo ex-presidente também envolvem militares, como o seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.
Embora defenda um discurso de pacificação do país, Lula cita Bolsonaro frequentemente em seus discursos. O presidente costuma criticar o adversário político e atribuir a ele problemas sociais ou dificuldades econômicas que diz ter herdado.
No dia anterior ao feriado, 6 de setembro, Lula fará um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão. O presidente levará a mesma mensagem que pretende ver reforçada no desfile cívico de união e democracia.
O governo espera 30 mil pessoas na plateia do evento, que é organizado pela Secom (Secretaria de Comunicação Social). Foram convidadas 200 autoridades e acompanhantes. Não há, porém, previsão de presença de chefes de Estado de outros países. O desfile cívico será realizado na Esplanada dos Ministérios a partir das 9h. Terá 4 eixos temáticos:
- Paz e soberania;
- Ciência e tecnologia;
- Saúde e vacinação;
- Defesa da Amazônia.
O desfile deverá durar cerca de duas horas, um pouco menos do que normalmente acontecia em outros anos. Terá a execução do Hino Nacional, passagem das tropas das Forças Armadas, apresentação de alunos de escolas militares, profissionais do Corpo de Bombeiros, e bandas marciais. Haverá também o tradicional show aéreo da Esquadrilha da Fumaça da FAB (Força Aérea Brasileira).
Haverá também uma exposição no gramado da Esplanada dos Ministérios que será aberta ao público logo após o desfile e permanecerá nos dias seguintes. Serão exibidos tanques de guerra e outros armamentos bélicos.
O governo avalia que não haverá manifestações contrárias a Lula, mas o governo do Distrito Federal determinou a criação de um gabinete de mobilização institucional para o feriado.
Conforme a decisão, o gabinete terá a “finalidade de promover a ordem pública e social, coordenar as atividades administrativas e acompanhar os eventos de 07 de setembro de 2023”.
Será composto por órgãos do DF e convidados, como os ministérios da Justiça e o da Defesa, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), o STF (Supremo Tribunal Federal), a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e o Congresso Nacional.
A estrutura para o desfile começou a ser montada há cerca de um mês. Na 5ª feira (31.ago.2023), funcionários da empresa Palco Locação que trabalhavam na montagem da estrutura sofreram um acidente. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, a estrutura metálica tipo tenda de, aproximadamente, 8 metros de altura desabou, matando uma pessoa e ferindo outras 3.
Em nota, a Secom (Secretaria de Comunicação Social) lamentou a morte de Genes Gomes Coelho, de 39 anos, e informou que Jessé Dionísio de Sousa (37), Jardelmo Nunes da Silva (35) e Maxwell Meira da Silva (30) estavam no Hospital de Base.