Com a chegada dos 22 brasileiros que estavam na Faixa de Gaza e seus 10 familiares palestinos a Brasília na 2ª feira (13.nov.2023), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escalou o tom das críticas a Israel. Comparou a reação israelense ao Hamas a atos de terrorismo por causa das mortes de civis palestinos em 3 ocasiões. Já os atos do grupo extremista foram classificados pelo presidente como terroristas em 7 discursos.
“Eu já vi muita brutalidade, muita violência e muita irracionalidade. Mas nunca vi uma violência tão bruta e tão desumana contra inocentes. Porque, se o Hamas cometeu um ato de terrorismo e fez o que fez, o Estado de Israel também está cometendo vários atos de terrorismo ao não levar em conta que as crianças não estão em guerra”, declarou Lula ao receber os repatriados na Base Aérea de Brasília, em 13 de novembro.
O presidente cobrou por 10 vezes a libertação de reféns, em sua maioria israelenses, sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro, quando o grupo atacou regiões ao sul de Israel. Na maioria dos apelos, Lula foi genérico e não atrelou os reféns aos grupo extremista, mas, em 3 deles, o presidente citou o grupo extremista.
“Crianças jamais poderiam ser feitas de reféns, não importa em que lugar do mundo. É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias”, escreveu Lula em seu perfil no X (ex-Twitter) em 11 de outubro.
De acordo com levantamento do Poder360, desde o início do conflito, em 7 de outubro, o petista se pronunciou publicamente 183 vezes. Nelas, falou sobre a guerra em 38 oportunidades. Foi, em média, uma declaração por dia sobre o assunto.
O maior intervalo sem falar sobre o conflito foi de 3 a 10 de novembro. Foram 52 declarações públicas no período e em nenhuma o conflito foi abordado. As datas coincidem com o período de negociações para a libertação dos brasileiros de Gaza.
Críticas de Lula
Segundo o levantamento, o presidente criticou as ações do grupo extremista Hamas e do Estado de Israel quase o mesmo número de vezes desde o início da guerra. O petista fez 8 críticas diretas ao grupo palestino e 7 a israelenses de 7 de outubro a 14 de novembro.
Na maior parte das vezes, fez uma crítica ampla ao conflito. É comum ouvir o presidente dizer que a guerra é uma insanidade e condenar ataques a civis, principalmente crianças e mulheres. Nas entrelinhas, Lula dirige as reclamações aos 2 lados.
O 1º comentário de Lula sobre a guerra foi no mesmo dia em que o conflito começou. O petista se disse “chocado” com a notícia e classificou os ataques como “terrorismo”, mas não os atribuiu ao Hamas imediatamente.
A 1ª crítica direta ao grupo extremista veio só 4 dias depois, em 11 de outubro, em um apelo oficial do presidente pelo fim da guerra.
A demora em responsabilizar o Hamas foi motivo de críticas de opositores. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a dizer que o PT e o grupo extremista são “irmãos de alma”.
O petista se referiu dessa forma ao grupo palestino por 7 vezes, o que corresponde a quase todas as menções diretas ao Hamas. Em 10 de seus pronunciamentos, Lula também condenou a manutenção de reféns pelo grupo extremista.
Lula defende a criação de um Estado Palestino. Além disso, quase todas suas críticas ao Hamas vêm seguidas de uma reclamação à reação de Israel.
O Poder360 levou em consideração os discursos, entrevistas e lives do presidente, além de notas oficiais de conversas diplomáticas e com representantes das vítimas da guerra e todas as publicações do petista em seu perfil no X (ex-Twitter), excluindo as que eram reprodução de seus discursos. O período analisado foi de 7 de outubro a 15 de novembro.