O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca na 2ª feira (27.nov.2023) em direção a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para participar da COP28 -principal conferência da ONU para discussão do clima. Volta ao Brasil na semana seguinte, em 5 de dezembro, passando 62 dias ao todo fora do país em 2023.
Antes da COP, em 29 e 30 de novembro, fará uma parada em Riade, na Arábia Saudita, e outra em Doha, no Catar. Nessas viagens, deve aproveitar para discutir o conflito entre Hamas e Israel com líderes das regiões próximas à guerra.
Só depois, em 1 de dezembro, o petista chega a Dubai e participa dos eventos do evento climático. Na volta, Lula ainda fará uma parada em Berlim, na Alemanha, onde assinará cerca de 20 acordos bilaterais, a maior parte sobre meio ambiente e desigualdade.
Essa é a 15ª viagem internacional do presidente desde que tomou posse. Quando voltar a Brasília, terá completado 62 dias fora do Brasil em 2023. O levantamento do Poder360 considera como 1 dia toda vez que Lula passa mais de 12h fora do país, seja no dia do embarque ou desembarque.
Essa é a última grande viagem internacional de Lula. No início de novembro, o presidente disse que conseguiu cumprir seu objetivo de recuperar a imagem do Brasil no exterior com suas viagens e, a partir de 2024, se dedicará a rodar pelos Estados brasileiros e visitar obras.
COP28
Em suas declarações durante o ano e em eventos como a Cúpula de Belém, em agosto, Lula tentou ser alavancado ao patamar de principal autoridade internacional no debate climático.Na COP28, terá o mesmo objetivo. Segundo o MMA (Ministério do Meio Ambiente), o Brasil assumirá uma postura de “provedor de soluções climáticas” e “reafirmará a liderança pelo exemplo” no evento.
A secretária nacional de Mudança do Clima do MMA, Ana Toni, afirmou que o país é o participante com a maior quantidade de alternativas ao atual cenário climático e usará isso a seu favor. “Na COP, veremos a continuidade desse debate iniciado na Cúpula de Belém e propostas mais concretas. […] Serão propostas ligadas a questões como remuneração dos serviços ecossistêmicos das florestas e manutenção da floresta em pé”, disse a secretária.
A agenda ambiental de Lula tem um viés econômico prático. O petista tenta negociar com a União Europeia uma resposta para as pressões feitas, especialmente pelos franceses, de punições para o desmatamento e eventuais violações ambientais cometidas pelo agronegócio.
Durante a viagem, o petista pode se reunir com representantes da Comissão Europeia para fechar de vez as negociações sobre o acordo Mercosul-UE.
Ao se posicionar como uma das principais vozes no combate ao avanço dos problemas climáticos, Lula se cacifa para enfrentar as ameaças de sanções ao Brasil feitas pelos europeus.
Segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o Brasil irá a COP28 com o compromisso de manter o limite do aquecimento da Terra em até 1,5 Cº e “nem um pouco a mais”.
Marina disse ainda que Lula levará apresentará o dado de que seu governo reduziu em mais de 40% o desmatamento na Amazônia em 10 meses.
Outra tecla na qual o presidente deve bater é o grande potencial do Brasil no mercado da transição energética e da produção de energia limpa. Lula afirmou por várias vezes que o Brasil pode ser para a energia verde o que o Oriente Médio foi para o petróleo. Deve buscar investimentos.
Durante a Cúpula de Belém, Lula também buscou chegar a uma posição conjunta dos países amazônicos para ser apresentada na COP28. Eles concordaram em criar uma aliança para combater o desmatamento, mas não estabeleceram metas conjuntas para atingir tal objetivo.
A cobrança pelo dinheiro prometido por países ricos deve continuar durante a COP. Na Cúpula da Amazônia, os países com florestas tropicais cobraram que as nações mais ricas paguem US$ 100 bilhões por ano prometidos para financiamento de ações climáticas. O grupo também pediu que os países desenvolvidos ajudem na mobilização de US$ 200 bilhões anuais para implementação de planos nacionais de biodiversidade.
COP30 em Belém
O Brasil será oficializado como sede da COP30, que será realizado em 2025, durante o evento em Dubai. A decisão é uma vitória para Lula, que começou a defender Belém como sede desde novembro de 2022.O petista quer se consolidar como um dos grandes líderes mundiais na questão climática, depois de ter fracassado na tentativa de se posicionar como um negociador pelo fim do conflito entre Ucrânia e Rússia. O objetivo final, segundo aliados, é o Nobel da Paz e o chefe do Executivo acredita que a liderança no tema ambiental pode ajudá-lo nessa missão.