O ex-presidente da Argentina Mauricio Macri criticou o voto de Javier Milei a favor da proposta do ministro da Economia, Sergio Massa, de reforma do imposto de renda no país. Milei e Massa são adversários na eleição presidencial argentina, marcada para 22 de outubro. Macri apoia a candidata da coligação “Juntos por el Cambio” (em português, Juntos pela Mudança), Patricia Bullrich.
“Não é bom para Milei que muita gente pense que ele tem algum tipo de relação [com o governo], porque Massa representa o que a Argentina tem que deixar para trás: mentira, engano, ocultação e irresponsabilidade”, declarou o ex-presidente, citado pelo jornal Clarín.
Conforme o Clarín, o “Juntos por el Cambio” especula haver um “pacto” entre Massa e Milei para que ambos cheguem ao 2º turno. O governo, no entanto, nega.
“Não temos nenhum acordo”, declarou Agustín Rossi, ministro-chefe da Casa Civil e candidato à vice-presidente na chapa de Massa. Segundo ele, a decisão de votar favoravelmente à proposta do governo partiu de Milei. Ele disse não entender como as pessoas chegaram a conclusão de haver um pacto entre os 2 candidatos. “Queremos ganhar as eleições e, para isso, temos de vencer o ‘Juntos por el Cambio’ e Milei”, afirmou.
Milei lidera as pesquisas de intenção de voto para o 1º turno, mas a decisão de quem será o próximo presidente argentino deve ficar para o 2º turno, marcado para 19 de novembro. Segundo um levantamento da consultoria Analogías, divulgado em 7 de setembro, Milei tem 31,1% dos votos. Em 2º lugar aparece Massa, com 28,1%. Bullrich tem 21,2%. Eis a íntegra da pesquisa (PDF – 881 kB).
Na Argentina, para ser eleito em 1º turno, o candidato deve:
- receber, ao menos, 45% dos votos válidos; ou
- ter, pelo menos, 40% dos votos com 10 pontos percentuais de vantagem em relação ao 2º colocado.
Javier Milei tem 52 anos e liderou com 30,4% dos votos a eleição primária de 13 de agosto de 2023. Ele é de direita e tem ideias liberais na economia. Defende fechar o Banco Central do país e trocar o peso pelo dólar dos EUA. Concorre pela coalizão “La Libertad Avanza” (em português, A Liberdade Avança). Autodefine-se como “anarcocapitalista” e “libertário”. Leia mais aqui sobre quem são os candidatos a presidente da Argentina.
Macri tem procurado se distanciar de Milei desde que o candidato sinalizou que, caso seja eleito, o ex-presidente poderia ter algum cargo em seu governo.
Em entrevista ao canal de televisão TN em 11 de setembro, disse que seu último contato com o candidato foi quando Milei venceu as primárias argentinas, em 13 de agosto. Segundo o ex-presidente, Milei expressa “mais raiva do que ideias” e “os argentinos estão fartos da mentira centrada no Estado”. O ex-presidente disse que o desafio agora é fazer com que quem estava irritado com seu governo volte a apoiá-lo e, consequentemente, votar em Bullrich.
“Acredito que ‘Juntos por el Cambio’ está em processo de organização”, falou. “Vamos para o 2º turno com os libertários [a coalizão ‘La Libertad Avanza’ de Milei]. E, aí, estou otimista que seremos nós que apresentaremos uma mudança racional e possível, liderada por alguém que tem experiência, um histórico. Patricia é minha candidata”, declarou Macri.