A retomada da estabilidade, crescimento e pacificação do País foram os principais desafios citados na fala inicial em evento promovido pelo Valor Econômico e O Globo na manhã desta terça-feira (6). Dentre os entrevistados, estão o governador da Bahia, Rui Costa (PT), favorito para assumir a Casa Civil no governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT); o senador eleito e ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT); a ex-ministra do Meio Ambiente e integrante do grupo de trabalho responsável pelo tema do governo de transição, Marina Silva (Rede); e o ex-ministro da Fazenda e do Planejamento e integrante do governo de transição na área econômica, Nelson Barbosa. Na avaliação deles, o novo governo terá grandes desafios, mas também há oportunidades para restabelecer a confiança nacional.
"São muitos os desafios, vamos ter que ao mesmo tempo trocar pneu de carro andando, reconstruir a própria democracia e pacificar as relações entre as pessoas, seja nas famílias, empresas, entre todas as áreas", disse Dias, iniciando a fala dos entrevistados. Em sua avaliação, a área social apresenta uma "gravíssima" situação, tanto do lado das contas públicas quanto da estrutura administrativa. "Vamos ter uma fase de muitas emergências, mas tendo a capacidade de trabalhar em um plano estratégico com um olhar para o curto, médio e longo prazo numa perspectiva de estabilização, previsibilidade e planejamento", declarou.
Para Costa, o principal desafio é o de pacificar e unir o País, não só no âmbito federal, mas estadual, citando um novo pacto federativo com a volta do diálogo. De acordo com ele, isso irá retomar a confiança do Brasil e a credibilidade nacional perante o mundo. "Novo olhar do mundo sobre o Brasil é visível; investimento deve aumentar", pontua.
Costa cita a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, dizendo ser preciso resolver o problema da fome e garantir recursos para a subsistência. "É preciso pensar em crescer; saneamento é um grande problema, mas oportunidade para Brasil", diz.
Marina seguiu na linha de pontuar os principais problemas e citou o Meio Ambiente que, segundo ela, "está na lona" e o País, "cindido". Ao destacar a forte polarização do País entre segmentos da direita e esquerda, a ex-ministra disse ser preciso "sabedoria para governar com frente ampla".
Último a falar, Barbosa classificou os principais problemas como "fazer a transição, encaminhar a pacificação nacional e começar a reconstrução". De acordo com ele, a transição envolve o fechamento do Orçamento de 2022 e encaminhar um bom para 2023. "O orçamento de 2023 é claramente insuficiente", classifica.
O ex-ministro da Fazenda aponta ser necessário recuperar a governabilidade e o diálogo no Brasil. "É preciso mudança de atitude e exemplo é muito importante", declarando que o presidente eleito "dialoga com todos". Barbosa também diz ser possível resolver o problema fiscal, mas a questão cambial "é muito mais difícil". "O problema fiscal é questão política; temos que resolver entre a gente", declara.