A secretária jurídica e técnica da Presidência da República da Argentina, Vilma Ibarra, relacionou o sucesso do deputado Javier Milei na corrida eleitoral para a Casa Rosada com as dificuldades econômicas e sociais que o país enfrenta. Na avaliação de Ibarra, Milei não é liberal como se diz, mas “um totalitário”.
“Quando acontece esse tipo de crise, é muito fácil que esse tipo de personagem [como Milei] se apresente como outsider e dê respostas fáceis. Quando os problemas são complexos, exigem respostas complexas. Mas a angústia dos problemas cotidianos não serve para a análise de problemas complexos”, disse Ibarra na 2ª feira (25.set.2023) em entrevista ao programa “Odisea Argentina”, no canal LN+.
Segundo ela, frases ditas por Milei, como: “‘A culpa é da casta’, ‘o inimigo é o Estado’, surgem como a pena de morte, quando há muitos crimes. Em vez de encontrar soluções, os problemas pioram”.
“Um homem gritando atrocidades às mulheres que o entrevistam ou insultando o papa [Francisco]. Imagino-o governando e não o quero. Não creio que ele seja absolutamente liberal, é um totalitário. Se há algo que Milei não é, é liberal”, completou.
Ibarra argumentou que o liberalismo procura recuperar a força dos indivíduos contra o Estado por meio da garantia dos seus direitos. “Se eu não tiver direito, o Estado e o governo no poder me destroem. O que este homem está dizendo, que tenta se autodenominar liberal, vai contra tudo o que o liberalismo prega”, explicou.
Sobre seu apoio à candidatura do ministro da Economia, Sergio Massa, a secretária do governo disse que Massa representa “o início de uma nova etapa”. Citou que o político “propõe um governo de unidade para enfrentar um plano de estabilização, para melhorar o poder de compra dos salários, com propostas sensatas. Ele é razoável, não insulta, não grita, não quer exterminar ninguém. Ele quer chegar a acordos, governar e estabilizar a economia”.
QUEM É MILEI
Javier Milei tem 52 anos e liderou com 30,4% dos votos a eleição primária de 13 de agosto de 2023. Ele é de direita e tem ideias liberais na economia. Defende fechar o Banco Central do país e trocar o peso pelo dólar dos EUA. Concorre pela coalizão “La Libertad Avanza” (em português, A Liberdade Avança). Autodefine-se como “anarcocapitalista” e “libertário”. Aparece à frente nas pesquisas de intenções de voto.