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Moraes dá prazo para Bolsonaro se explicar sobre estadia na embaixada da Hungria

Publicado 26.03.2024, 08:11
© Reuters. Ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília
 18/10/2023   REUTERS/Ueslei Marcelino

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu na noite de segunda-feira prazo de 48 horas para o ex-presidente Jair Bolsonaro explicar sua estadia por duas noites na embaixada da Hungria em Brasília, após ter seu passaporte retido pela Justiça no âmbito de uma investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado, informou o STF.

A estadia de Bolsonaro por duas noites na representação diplomática húngara foi revelada pelo jornal norte-americano The New York Times, que obteve imagens de circuito de segurança e via satélite que mostraram a chegada de Bolsonaro ao local no dia 12 de fevereiro, após ele ter o passaporte retido no dia 8 do mesmo mês, e o carro que o trouxe estacionado no local até o dia 14.

O jornal norte-americano tratou o episódio como "uma aparente tentativa de obtenção de asilo" por parte de Bolsonaro. Caso o ex-presidente estivesse na embaixada húngara e a Justiça determinasse sua prisão, agentes da PF não poderiam entrar na representação diplomática da Hungria para prendê-lo, pois o local é protegido pela legislação e está fora da jurisdição das autoridades brasileiras.

A defesa do ex-presidente confirmou, em nota oficial, que Bolsonaro se hospedou na embaixada da Hungria por dois dias em fevereiro, afirmando ter recebido um convite, "para manter contatos com autoridades do país amigo".

"Quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos e são, na prática, mais um rol de fake news", conclui o documento assinado pelos advogados Paulo Amador da Cunha Bueno, Daniel Bettamio Tesser e Fábio Wajngarten.

Bolsonaro é aliado do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, de extrema-direita, com quem já trocou elogios públicos no passado. Ambos se encontraram no fim do ano passado durante a posse do presidente da Argentina, Javier Milei, também de extrema-direita, em Buenos Aires.

Após a revelação da estadia de Bolsonaro na embaixada húngara, o Ministério das Relações Exteriores convocouembaixador da Hungria no Brasil, Miklós Halmai, para prestar esclarecimentos sobre o episódio.

O húngaro teve uma reunião de 20 minutos com a embaixadora Maria Luísa Escorel, secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, de acordo com o MRE. Uma fonte com conhecimento do teor da conversa disse que o embaixador húngaro quase não falou durante o encontro, e tratou a hospedagem de Bolsonaro como uma ocorrência corriqueira. Foi dito a ele, no entanto, que esse não era um fato normal e que não há razões para concessão de eventual asilo ao ex-presidente.

Foi lembrado, ainda, que Bolsonaro tem pendências com a Justiça, onde enfrenta uma série de processos, e que o Brasil é um país democrático, que cumpre o devido processo legal, acrescentou.

A embaixada da Hungria em Brasília não respondeu de imediato a um pedido de comentário da Reuters.

© Reuters. Ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília
 18/10/2023   REUTERS/Ueslei Marcelino

Na operação da PF em que Bolsonaro teve seu passaporte retido, em 8 de fevereiro, também foram alvos, além do ex-presidente, aliados próximos, como os ex-ministros da Defesa Paulo Nogueira Batista e Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; todos generais da reserva; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier Santos; e o presidente do PL, partido do ex-presidente, Valdemar Costa Neto.

Na mesma ocasião, também foram presos preventivamente o ex-assessor especial da Presidência no governo Bolsonaro, Filipe Martins, e Marcelo Câmara, coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

 

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

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