Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou que não há evidências de que o ex-presidente Jair Bolsonaro tenha buscado a embaixada da Hungria em Brasília com o intuito de obter asilo diplomático e deixar o Brasil, em decisão divulgada nesta quarta-feira em que arquivou a apuração.
"Não há elementos concretos que indiquem -- efetivamente -- que o investigado pretendia a obtenção de asilo diplomático para evadir-se do País e, consequentemente, prejudicar a investigação criminal em andamento", decidiu Moraes, acolhendo parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Moraes havia aberto uma apuração de ofício após o jornal norte-americano The New York Times ter revelado que o ex-presidente passou dois dias na embaixada do país europeu, em fevereiro, após ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga a tentativa de golpe de Estado e que apreendeu o passaporte dele.
A passagem do ex-presidente na representação diplomática da Hungria -- país cujo primeiro-ministro, Viktor Orban, é seu aliado -- chegou a despertar suspeitas de que ele poderia pedir asilo diplomático em meio a diversas investigações criminais a que responde perante o Supremo.
O ministro do STF disse que, em relação à ida da embaixada, Bolsonaro não desrespeitou nenhuma das medidas cautelares que lhe haviam sido impostas na operação anterior, como a proibição de manter contato com demais investigados e de se ausentar do país, com determinação de entregar todos os passaportes.
Para Moraes, a situação fática permanece inalterada, mas ele fez questão de ressaltar que as medidas cautelares seguem mantidas.
(Reportagem de Ricardo Brito)