Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - Movimentos populares, entidades civis e partidos políticos irão acompanhar com lupa as manifestações convocadas pelo presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) para o dia 7 de Setembro e apostam numa resposta incisiva da sociedade nas ruas no próximo sábado a discursos antidemocráticos, afirmou o coordenador Nacional da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim.
A ideia corrente entre lideranças desses movimentos que integram a campanha "Fora, Bolsonaro" é que não haja tentativa de medir força com os atos convocados por Bolsonaro, que se juntam à comemoração institucional do Bicentenário da Independência com a participação das Forças Armadas.
"Está mantido o dia 10 de setembro. Vamos avaliar o grau de tensão, o golpismo no dia 7 de Setembro para na quinta-feira a gente avaliar a prioridade que daremos no dia 10", disse Bonfim à Reuters.
"A minha avaliação é de que caso o Bolsonaro imprima um ritmo autoritário, aponte que não respeitará o resultado das eleições, ou ataques à instituições democráticas, é de que a própria sociedade civil organizada, civil democrática, independentemente da questão da disputa eleitoral, estará disposta a dar uma resposta à altura no dia 10 na defesa da democracia, por eleições livres, respeito às instituições e à soberania popular do voto", acrescentou.
O foco dos movimentos populares no sábado, no entanto, não irá interferir na realização no dia 7 do chamado Grito dos Excluídos, mobilização tradicional organizada desde a década de 1990 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com outras entidades, para fazer um contraponto ao Grito da Independência.
"Estamos envolvidos na construção amanhã do Dia dos Excluídos, que é tradicional há 28 anos, um evento organizado pelas pastorais sociais, pelos movimentos populares. Terá manifestações", disse o coordenador.
Bolsonaro vem convocando seus apoiadores para os eventos comemorativos do Bicentenário da Independência, que, a depender da adesão, servirá como demonstração de força do presidente.
Há temores, no entanto, que os atos sejam calcados em discursos antidemocráticos, com ataques ao Judiciário e a integrantes de cortes superiores, além dos já rotineiros questionamentos --alimentados pelo próprio Bolsonaro-- sobre a integridade do sistema eleitoral e das urnas eletrônicas.