O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, disse nesta 4ª feira (8.nov.2023) que não se pode confundir o grupo Hamas com a causa pela independência da Palestina. Ele declarou que o governo condena “veementemente os atos terroristas do Hamas”, mas também repudia a maneira com que o Estado de Israel tem lidado com a situação. Para ele, o mundo está diante de um crime de guerra e uma violação ao direito internacional humanitário.
“A partir do momento em que se impede o acesso à energia elétrica, o acesso à água, se bombardeia ambulâncias e campos de refugiados, nós estamos diante de uma situação que é inaceitável”, disse o ministro durante entrevista ao programa “Bom dia, ministro”, da TV Brasil.
Desde 7 de outubro, Gaza tem sido privada de comida, água, energia e combustível pelo cerco de Israel ao território, controlado pelo Hamas. Alguns caminhões de ajuda humanitária estão entrando pela fronteira com o Egito, carregados com alimentos e medicamentos. Porém, organizações não governamentais dizem que a quantidade é insuficiente. Israel também confirmou que realizou um ataque aéreo contra o campo de refugiados de Jabalia, no norte de Gaza.
O ministro defendeu o estabelecimento de um Estado Palestino independente e mencionou que o conflito entre israelenses e palestinos tem marcado o Oriente Médio há décadas. “O povo palestino tem direito ao seu Estado, luta pelo seu Estado. É uma situação de muitas décadas, de opressão, violência. Neste sentido, é inaceitável o que se está sendo submetida a população da Palestina”, afirmou.
Ele também declarou ser preciso um cessar-fogo definitivo na guerra. “Precisamos parar com isso. Existem crianças sendo assassinadas neste momento, existem reféns, que devem ser liberados de maneira incondicional. Não pode haver outra posição para o ministro dos Direitos Humanos”.
Novembro Negro
Silvio Almeida ainda informou que o governo lançará “lugares de memória” da escravidão no país, com 100 placas de reconhecimento em locais históricos para o passado escravocrata do Brasil. A iniciativa, em parceira com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), faz parte campanha de combate à desigualdade racial Novembro Negro.O ministério dos Direitos Humanos coordenará ações de resgate da memória de africanos escravizados no Brasil. Almeida afirma que o país terá um mês inteiro para refletir a respeito da consciência negra, celebrada no dia 20. Na 2ª feira (6.nov), ele se reuniu com os ministros Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Anielle Franco (Igualdade Racial), Cida Gonçalves (Mulheres) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) para definir os projetos da campanha.
Para o ministro, a memória é um passo importante para reparação do passado e campanhas com o Novembro Negro são essenciais. “É uma ocasião bastante especial, porque se refere a uma luta central para o país, para os direitos humanos. A luta pela dignidade da população negra no Brasil, mas vai além disso. O mês marca também o reencontro do Brasil consigo mesmo. Um país que é atravessado por uma série de condicionantes estruturais que são origem dos nossos principais problemas”.