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Negociação com o Egito é a única esperança, diz brasileiro em Gaza

Publicado 12.10.2023, 15:43
Atualizado 12.10.2023, 16:11
Negociação com o Egito é a única esperança, diz brasileiro em Gaza

Hasan Rabee, palestino que mora há 10 anos em São Paulo e foi para a Faixa de Gaza há 10 dias para visitar a família, afirmou que a negociação entre o governo brasileiro e o Egito para facilitar a saída de brasileiros pela fronteira terrestre egípcia é “a única esperança para os brasileiros que estão na Faixa de Gaza”.

O Itamaraty está em contato com as autoridades do Egito para realizar a repatriação dos brasileiros no território em conflito desde pelo menos 4ª feira (11.out). De acordo com o ministro Mauro Vieira, a ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou a proposta do “corredor humanitário” para resgatar cidadãos.

Ao Poder360, Rabee, que também tem cidadania brasileira, afirmou que a população em Gaza está sem água e energia. “Para carregar o celular a gente precisa ir longe e gasta dinheiro. A internet não está funcionando muito bem, está difícil de acessar. Para eu conseguir acessar a internet eu preciso ir para outro lugar que talvez não esteja seguro”, relatou.

O palestino também comentou que as pessoas escutam bombardeios diariamente, especialmente durante a noite, quando os ataques se intensificam. “Infelizmente não existe um lugar seguro, as bombas caem em todos os lados, relatou.

Hasan Rabee afirmou ainda que Alessandro Candeas, embaixador do Brasil na Palestina, mantém contato com os brasileiros em Gaza para saber como estão. “Ele liga para nós para saber como estão as coisas. […] Ninguém está protegido”, disse.

OPERAÇÃO PARA REPATRIAÇÃO

A FAB (Força Aérea Brasileira) opera voos para resgate de brasileiros em Israel desde 3ª feira (10.out) e as viagens devem se estender até domingo (15.out).

Na 4ª feira (11.out), o Itamaraty recomendou que todos os brasileiros que possuam passagens aéreas, ou tenham condições de adquiri-las, embarquem em voos comerciais partindo do aeroporto de Ben-Gurion, em Tel Aviv. Os preços para os próximos dias variam de R$ 19.800 a R$ 5.900. Nesta 5ª feira (12.out), está por cerca de R$ 17.000.

Além disso, o governo negocia ainda o resgate de brasileiros por meio terrestre, passando pela fronteira egípcia. Na 4ª feira (11.out), o ministro Mauro Vieira disse que conversou com o chanceler do Egito, Sameh Shoukry, para o país receber um ônibus com brasileiros que buscam refúgio. Disse que é a melhor saída para evacuar e deixar os cidadãos do Brasil “sãos e salvos”.

ENTENDA O CONFLITO

Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.

O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.

O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.

A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), Guerra dos 6 Dias (1967), 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.

Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), em 1947, na intenção de criar um Estado judeu. No entanto, as lideranças árabes não aceitaram a divisão.

ATAQUE A ISRAEL

O Hamas, grupo radical islâmico de orientação sunita, realizou um ataque surpresa a Israel no sábado (7.out). Israel declarou guerra contra o Hamas e começou uma série de ações de retaliação na Faixa de Gaza, território palestino que faz fronteira com Israel e é governado pelo Hamas.

Os ataques do Hamas se concentram, até o momento, ao sul e ao centro de Israel. Caso o Hezbollah faça novas investidas na fronteira com o Líbano, um novo foco de combate pode se estabelecer ao norte de Israel.

O tenente-coronel israelense, Richard Hecht, afirmou que o país “olha para o Norte” e que espera que o Hezbollah “não cometa o erro de se juntar [ao Hamas]”.

Saiba mais sobre a guerra em Israel:

  • o grupo extremista Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel em 7 de outubro e assumiu a autoria dos ataques no dia seguinte;
  • cerca de 2.000 foguetes foram disparados da Faixa de Gaza. Extremistas também teriam se infiltrado em cidades israelenses –há relatos de sequestro de soldados e civis;
  • Israel respondeu com bombardeios em alvos na Faixa de Gaza;
  • o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou (8.out) guerra ao Hamas e falou em destruir o grupo;
  • líderes mundiais como Joe Biden e Emmanuel Macron condenaram os ataques –entidades judaicas fizeram o mesmo;
  • Irã e o grupo extremista Hezbollah comemoraram a ação do Hamas –saiba como é o interior de túneis usados pelo Hezbollah na fronteira entre o Líbano e Israel;
  • o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, determinou na 2ª feira (9.out) um “cerco completo” à Faixa de Gaza. Segundo a ONU, ação é proibida pelo direito humanitário internacional;
  • O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky comparou o conflito à guerra na Ucrânia. Afirmou que o Hamas é uma “organização terrorista”, enquanto a Rússia pode ser considerada um “Estado terrorista”;
  • Lula chamou os ataques do Hamas de “terrorismo”, mas relativizou episódio;
  • Haverá uma operação do governo para repatriar brasileiros em áreas atingidas pelos ataques. Serão 5 voos para buscar 900 pessoas. O 1º avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para resgate pousou em Tel Aviv nesta 3ª feira (10.out). A operação deve ser concluída na 5ª feira (12.out);
  • Embaixada de Israel no Brasil chamou Hamas de “ramo” do regime iraniano;
  • Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, também se pronunciaram e fizeram apelo pela paz;
  • Bolsonaro (PL) repudiou os ataques e associou o Hamas a Lula;
  • O Itamaraty confirmou a morte de 1 brasileiro, outro 2 seguem desaparecidos;
  • ENTENDA – saiba o que é o Hamas e o histórico do conflito com Israel;
  • ANÁLISE – Conflito é entre Irã e Israel e potencial de escalada é incerto;
  • OPINIÃO – Dias incertos para o mercado de petróleo, escreve Adriano Pires;
  • FOTOS E VÍDEOS – veja imagens da guerra na playlist especial do Poder360 no YouTube.

Leia outras publicações a respeito do conflito:

  • Número de mortos após ataques do Hamas chega a 2.600;
  • Não há informações oficiais sobre estupros em Israel, diz embaixador;
  • Líder da Palestina pede suspensão de ataques de Israel a Gaza;
  • 3º avião da FAB decola de Israel com 69 brasileiros;
  • Síria diz que Israel atacou aeroportos de Damasco e Alepo.

Leia mais em Poder360

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