PORTO ALEGRE (Reuters) - O número de mortes confirmadas em decorrência das enchentes que têm atingido o Rio Grande do Sul subiu para 148, ante 147 no dia anterior, com 124 pessoas desaparecidades e mais de 538 mil desalojados, informou a Defesa Civil do Estado em balanço divulgado nesta terça-feira.
As chuvas intensas no Estado nas últimas duas semanas têm provocado o aumento do nível de uma série de rios, causando enchentes de grandes proporções em diversas cidades gaúchas e afetando os esforços das equipes de resgate para alcançar sobreviventes.
O lago Guaíba, na capital Porto Alegre, que recebe as águas de rios da região, atingiu nesta manhã o nível de 5,22 metros, muito acima da cota de inundação de 3,0 metros e perto do ápice histórico de 5,33 metros atingindo na semana passada. As previsões meteorológicas ainda são de subida da água.
Segundo projeção do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o lago pode atingir 5,4 metros ainda nesta terça-feira devido às chuvas recentes e uma atuação de ventos vindos do sul.
Outros rios com níveis preocupantes incluem o rio Gravataí, o rio dos Sinos, o rio Caí, o rio Jacuí e o rio Uruguai, todos em patamares acima da cota de inundação.
Segundo a Defesa Civil, 446 municípios gaúchos, de 497 no total, foram atingidos pelos eventos climáticos extremos, enquanto mais de 2,1 milhões de pessoas foram afetadas de alguma forma. A crise tem sido apontada como o pior desastre climático da história do Rio Grande do Sul.
Em meio à tragédia, os gaúchos também passaram a enfrentar uma crise de abastecimento, com escassez de alimentos e outros suprimentos básicos. Entidades e instituições de todo o país têm promovido doações de itens para a região, mas as enchentes têm dificultado a chegada dos suprimentos.
Na parte de infraestrutura, o governo estadual informou que mais de 267 mil pontos seguem sem energia elétrica no Estado, enquanto mais de 159 mil pessoas estão sem abastecimento de água.
Existem ainda 101 trechos bloqueados de forma total ou parcial em 52 rodovias estaduais, segundo o governo. O Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, segue com suas operações suspensas por tempo indeterminado após ser tomado pelas águas.
Os portos de Porto Alegre e Pelotas ainda estavam com as atividades paralisadas, enquanto o porto de Rio Grande funcionava normalmente.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou nesta terça-feira alguns impactos negativos preliminares das fortes chuvas no Rio Grande do Sul para a produção total de grãos e oleaginosas do país, com perdas no arroz e menor produtividade da soja.
A safra de soja gaúcha foi estimada em 21,4 milhões de toneladas, versus 21,9 milhões de toneladas no levantamento anterior, com a previsão atual ficando abaixo da apontada por alguns analistas privados, que já veem redução de até 3 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul.
No caso do arroz, a Conab afirmou que os prejuízos no Estado ainda estão sendo mensurados, mas que pelo menos 8% da área gaúcha para a cultura registrará perdas devido às volumosas chuvas.
(Por Fernando Cardoso, em São Paulo)