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“Oficialmente, não há brasileiros sequestrados”, diz embaixador

Publicado 12.10.2023, 11:03
Atualizado 12.10.2023, 11:41
© Reuters.  “Oficialmente, não há brasileiros sequestrados”, diz embaixador

O embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, 70 anos, disse que não há confirmação de brasileiros sequestrados pelo Hamas, na Faixa de Gaza.

Inicialmente, o porta-voz do exército israelense, Jonathan Conricus, disse que havia brasileiros entre os sequestrados pelo grupo extremista. Depois, Israel disse que não havia certeza sobre a informação.

Houve um boato, uma declaração de um funcionário das forças israelenses de que teria brasileiros [entre os sequestrados]. Depois eles mesmos disseram que não. Oficialmente, nós perguntamos e a resposta foi que nem eles [israelenses], nem a Interpol têm qualquer registro de sequestrados [brasileiros]. É com essa informação que a gente trabalha”, disse o embaixador em entrevista ao Poder360, concedida na manhã desta 5ª feira (12.out.2023).

Meyer assumiu a embaixada em 2023. Antes, foi cônsul-geral do Brasil em Cantão (China), embaixador do Marrocos e do Cazaquistão.

Outra informação que o embaixador diz não ter confirmação é sobre estupro de mulheres israelenses por extremistas do Hamas e decapitação de bebês, informação citada pelo presidente norte-americano, Joe Biden. “Nós trabalhamos com informações oficiais. Não temos nenhuma confirmação disso”.

O embaixador diz que estava de férias no Brasil quando o conflito começou, no último sábado (7.out). Por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, interrompeu a folga e foi para Israel.

Desde que chegou na embaixada, que fica em Tel Aviv, no centro norte do país, disse que a situação local é “tranquila“. “Desde que cheguei, não escutei nenhuma sirene, não vi bombardeio em Tel Aviv. Só posso falar o que eu testemunhei em Tel Aviv. A situação aqui está tranquila”, disse.

Segundo Meyer, o Brasil defende um cessar-fogo imediato e se coloca à disposição para mediar o fim do conflito. “Não é de hoje que o Brasil se oferece para negociar, somos um país pacífico. O Brasil é o único país da ONU que mantém relação com todos os membros, observadores e duas ilhas do Pacífico que não são membros efetivos das Nações Unidas. O Brasil tem condição e nós temos uma política de conciliação de acordos”, disse.

O embaixador informou que, até 4ª feira (11.out), 2.577 brasileiros em Israel e outros 26 na Faixa de Gaza pediram para voltar. Disse que o governo vai trazer todos que queiram retornar.

Leia trechos da entrevista:

Israel disse que há brasileiros sequestrados na Faixa de Gaza, mas depois relativizou. O que se sabe sobre isso nesse momento?

Trabalhamos com informações oficiais. Houve um boato, uma declaração de um funcionário das forças israelenses de que teria brasileiros [entre os sequestrados]. Depois eles mesmos disseram que não. Oficialmente, nós perguntamos e a resposta foi que nem eles [israelenses], nem a Interpol têm qualquer registro de sequestrados [brasileiros]. É com essa informação que a gente trabalha.

Até o momento, 2 brasileiros morreram. Qual a situação hoje dos brasileiros, tanto em Israel quanto na Faixa de Gaza?

Fui ao enterro da Bruna [Valeano, morta pelo Hamas]. Foi uma coisa impressionante, tinham 10.000 pessoas. São 16.000 brasileiros [em Israel] e cerca de 3.000 pediram para voltar ao Brasil. Estamos no processo de repatriação dos que querem sair de Israel. Ontem [4ª feira] e na 3ª feira saíram 2 voos. Hoje [5ª feira], mais 1.

São 16.000 em Israel e na Faixa de Gaza ou só em Israel?

Minha jurisdição é Israel. Mas sei que há 26 brasileiros na Faixa de Gaza que pediram para voltar.

Qual o perfil das pessoas que tentam voltar? São moradores ou turistas?

Nós temos uma escala de prioridade [para embarcarem de volta]. A primeira são os não residentes. Depois, cadeirantes, idosos, mulheres grávidas e bebês. Daí você tem pessoas de todas as idades e todas as condições. Você tinha evangélicos fazendo peregrinação, católicos, é um grande número de pessoas. E também aqueles que vieram visitar familiares. Tem todo o tipo de pessoas aqui. Nós vamos tirar todo mundo. A instrução do governo Lula e do ministro Mauro Vieira [das Relações Exteriores] é retirar todos que queiram.

Qual o número exato de pessoas que pediram para voltar?

É um número fluido, que muda um dia após o outro. Ontem, eram. 2.577, incluindo os que já voltaram. Algumas pessoas que tinham passagens em voos comerciais e conseguiram embarcar. Então, o número sobe e desce.

O que se sabe na realidade sobre as notícias não plenamente confirmadas a respeito de mulheres terem sido estupradas por integrantes do Hamas e bebês decapitados? O presidente norte-americano, Joe Biden, inclusive, citou essa última informação.

Nós trabalhamos com informações oficiais. Não temos nenhuma confirmação disso.

Quais os maiores riscos no momento para os brasileiros em Israel?

Cheguei em Israel há 2 meses. Quando o conflito começou, estava de férias no Brasil. O presidente Lula e o ministro Mauro Vieira me mandaram voltar, e eu voltei. Cheguei aqui há 3 dias. Desde que cheguei, não escutei nenhuma sirene, não vi bombardeio em Tel Aviv. Só posso falar o que eu testemunhei em Tel Aviv. A situação aqui está tranquila.

O Brasil condenou os ataques. Mas o presidente Lula não citou o Hamas, que tem simpatia de pessoas do governo. Qual a posição oficial do Brasil?

A posição oficial do Brasil é condenar o ataque. O próprio presidente Lula falou isso no Twitter. E a nossa política é do entendimento. A última guerra que houve no Brasil foi há 170 anos. Somos a favor do diálogo. As pessoas têm que sentar e conversar. Há 75 anos existe essa situação [de conflito entre Israel e Palestina]. Enquanto as pessoas usarem a violência indiscriminada, nada vai ser resolvido. Vai continuar tendo civis e pessoas inocentes sendo mortas dos 2 lados. As pessoas têm que sentar e conversar. Essa é a nossa posição.

Mas há possibilidade no momento de os 2 lados sentarem à mesa?

Qual é a solução? Os 2 lados se matando? Não me parece uma solução. Há 75 anos não é.

E qual é a perspectiva para esse conflito, dadas as condições atuais?

O problema é que a situação está muito fluida. A gente ouve que existem movimentos de tentativa de acordos, negociação. Mas é muito cedo para ver como isso vai evoluir.

O Brasil chamou duas reuniões do Conselho de Segurança da ONU. O país se coloca como possível negociador entre os 2 lados?

O Brasil sempre se colocou. Não é de hoje que o Brasil se oferece para negociar, somos um país pacífico. O Brasil é o único país da ONU que mantém relação com todos os membros, observadores e duas ilhas do Pacífico que não são membros efetivos das Nações Unidas. O Brasil tem condição e nós temos uma política de conciliação de acordos. O outro dado também interessante é que os 2 países com mais fronteiras do mundo são China e Rússia, com 14 países cada. Depois, vem o Brasil, com 10. Nossa última guerra foi há 170 anos. Nossa tradição de país pacífico não é de hoje. Vem desde o império

O Brasil então é a nova Suíça, que não se envolve nas guerras?

Não, porque o suíço é neutro e nós não somos.

Então qual a posição do Brasil no conflito?

Estamos falando de duas coisas diferentes. Estou falando que temos possibilidade e diálogo com todos os membros das Nações Unidas. Podemos atuar como negociador com qualquer país. Isso é uma coisa. Não tem nada a ver com neutralidade.

O que o Brasil defende que aconteça neste momento?

Paz. Para isso, tem que ter um cessar-fogo. É a primeira medida para ter paz.

O presidente Lula sugeriu um cessar-fogo para retirar as crianças das regiões de conflito. Há chance de isso acontecer?

Eu não posso decidir pelos palestinos nem pelos israelenses. Acho que sim. Não é um pedido inócuo. O que você tem tanto de um lado quanto do outro é morte de civis. O que é ruim para todo mundo. Qual é o resultado disso daqui a 10 anos? Quantos morreram depois do dia 7? Você não sente, não são soldados. Não é uma guerra de soldados. São pessoas inocentes, crianças, mulheres, idosos que estão morrendo. A solução é você ter 2 Estados, conforme as Nações Unidas decidiram há 75 anos.

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