Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Polícia Federal vai apurar uma suposta pista sobre o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco que surgiu no âmbito das investigações envolvendo a inserção de registros falsos de vacinação contra a Covid-19 do ex-presidente Jair Bolsonaro e assessores no banco de dados do Ministério da Saúde, disseram duas fontes com conhecimento da decisão.
Em uma troca de mensagens de áudio obtida pela PF entre dois presos na operação desta quarta-feira, o militar da reserva e ex-candidato a deputado estadual Ailton Barros e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, Barros afirma que sabe quem teria matado a vereadora do PSOL e seu motorista, Anderson Gomes, em uma emboscada a tiros em março de 2018.
"Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão. Sei quem mandou. Sei a porra toda. Entendeu?", diz Barros a Cid na conversa de novembro de 2021. A Reuters não conseguiu contato com as defesas de Cid e Barros.
Duas fontes com conhecimento das investigações do caso Marielle disseram que a PF vai apurar a declaração.
“O papel da PF é apurar“, disse à Reuters uma das fontes, sob condição de sigilo. A segunda fonte, que também falou sob anonimato, acrescentou. “Apareceu isso e a PF vai checar para ver se é bravata”.
Até o momento, um policial reformado e um ex-policial foram presos e denunciados como executores do crime, mas ainda não foi revelado o motivo do assassinato e se houve algum mandante.
Em fevereiro, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou à Polícia Federal que abra inquérito para apurar os assassinatos de Marielle e Anderson Gomes. Até então, a investigação estava restrita às autoridades do Rio de Janeiro.
(Reportagem adicional de Ricardo Brito, em Brasília)