A PGR (Procuradoria Geral da República) defendeu que o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) seja ouvido por suas falas consideradas racistas durante participação no podcast 3 Irmãos. Em manifestação enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal) no sábado (23.set.2023), o órgão afirma que o caso demanda a instauração de diligências para apuração dos fatos.
A PGR pede ainda que o YouTube preserve o conteúdo do vídeo para que a PF (Polícia Federal) colete “vestígios digitais”. O parecer foi apresentado em duas notícias-crimes protocoladas pelas deputadas Erika Hilton (Psol-SP) e Duda Salabert (Psol-MG).
“A formalização de investigação demanda um suporte mínimo de justa causa, que se refere à verossimilhança dos fatos supostamente ilícitos apontados e à probabilidade de que haja meios eficazes de apuração. Pauta-se, dessa forma, no binômio viabilidade e utilidade da investigação, a apontar, ao menos, para uma hipótese investigativa plausível”, diz trecho da manifestação assinada pela vice-procuradoria-geral da República, Lindôra Araujo. Eis a íntegra (PDF – 286 kB).
ENTENDA O CASO
Em 23 de junho, Gayer participou do programa apresentado por Rodrigo Barbosa Arantes e Roberto Andrade Filho e questionou a capacidade cognitiva da população do continente africano.O apresentador Rodrigo Arantes declarou que não tem como a democracia dar “certo” no Brasil porque não dá “para esperar alguma coisa” da população. Ele comparou humanos e macacos, e, por fim, disse que o QI na África é de 72.
O deputado, então, completou: “Aí, você vai ver na África. Quase todos os países são ditadores, quase tudo lá é ditadura. Democracia não prospera na África porque, para você ter uma democracia, tem que ter o mínimo de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado”.
Ao criticar os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Gustavo Gayer disse, enquanto batia palma: “O Brasil está desse jeito. Lula chegou na Presidência e o povo burro: picanha e cerveja”. Na descrição do episódio no YouTube, o programa reitera que o deputado é “alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro [PL]”.