A queda nas cotações do petróleo para abaixo de US$ 70 fez zerar a defasagem dos preços dos combustíveis da Petrobras (BVMF:PETR4). Com a desvalorização da commodity, o preço da gasolina cobrado internamente no Brasil pela Petrobras ficou 7% mais alto do que o praticado no exterior. O do diesel, 4%.
O petróleo está sendo cotado no menor patamar desde agosto de 2021. Na 3ª feira (10.set.2024), o barril do tipo brent (referência global) fechou a U$ 69,19. Nesta 4ª feira (11.set), tem tido uma leve recuperação de 1,5%, sendo negociado a US$ 70 por volta de 12h30. Ainda assim, o patamar é considerado baixo e acumula uma queda de cerca de 13% desde o início de agosto.
Segundo dados da Abicom (Associação dos Importadores de Combustíveis), os preços internos do diesel e da gasolina vinham apresentando defasagem até o início de setembro. Agora, estão maiores que o PPI (Preço de Paridade de Importação), que calcula o custo médio dos combustíveis no mercado internacional. Eis a íntegra do relatório (PDF – 709 kB).
Os números viabilizam que a Petrobras promova alguma redução nos preços dos combustíveis no Brasil. Mas isso não é uma regra. Desde 2023, a estatal passou a considerar menos o PPI na precificação e a olhar mais os elementos internos, como a produção nacional.
Na semana passada, a CEO da estatal, Magda Chambriard, disse que estava confortável com o nível dos preços do diesel e da gasolina cobrados e não pretendia mudá-los por enquanto. Naquele momento, o barril estava em US$ 72.
Há um motivo para isso: como a Petrobras acaba assumindo meses de defasagem ante ao mercado internacional, ficar com os preços acima da média global por um tempo ajuda a recompor seu caixa. Logo, até pode ser feito um reajuste, mas ele não deve ser imediato nem no mesmo patamar da queda do PPI.
Entenda a queda do petróleo
O valor do petróleo já tinha iniciado rota de queda depois que tensões geopolíticas arrefeceram, como a retomada gradual das exportações do produto na Líbia, que havia suspendido suas vendas ao mercado externo por disputas internas políticas. Mas a desvalorização acelerou por causa do relatório mensal da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), que reduziu as projeções de aumento da demanda global de petróleo para os próximos meses.
Trata-se de uma sinalização de desaceleração da economia chinesa. A Opep diz que há uma desconfiança no mercado de que a China manterá seus padrões de crescimento. Ocorre que o país asiático é um termômetro para a economia global e seu crescimento menor afetará economias que dependem da demanda chinesa.
Com esse risco calculado, o cartel projeta que a demanda de petróleo deve aumentar em 2,03 milhões de barris por dia até o final deste ano e em 1,74 milhão de barris por dia em 2025. Os patamares são abaixo das previsões de 2,11 milhões e 1,78 milhão de barris por dia estimadas anteriormente. Leia a íntegra do relatório (PDF – 3 MB, em inglês).
A projeção de desaceleração do crescimento chinês não é nova, mas agora os sinais tem ficado mais óbvios. O PIB (Produto Interno Bruto) do país tem crescido abaixo das projeções e instituições financeiras têm revisto as estimativas para o final do ano e 2025.
A China produzindo e comprando menos é um risco para a economia global, sobretudo dos países emergentes que lhe fornecem matéria-prima e compram os produtos manufaturados.
Por outro lado, a queda nos preços do petróleo abre caminho para uma redução da inflação no mundo, inclusive no Brasil. Isso porque vários fabricados feitos a partir da commodity, como a gasolina, tendem a ter os preços reduzidos.
Isso afeta, porém, o caixa das petroleiras. E também seus papeis nas bolsa de valores. Na 3ª feira, as ações da Petrobras (PETR4) fecharam com queda de 1,6% por causa da baixa do petróleo. Nesta 4ª, apresentam tímida recuperação de 0,13%.