O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, afirmou que defender que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não faça negócios com a empresa israelense Elbit Systems durante as operações militares em Gaza “não tem nada de ideológico”. Ele ressaltou, no entanto, que há um aspecto político a ser considerado.
Na 4ª feira (18.set.2024), o TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu por unanimidade que não há impedimentos para o governo brasileiro contratar a Elbit Systems para fornecer 36 viaturas blindadas de obuseiro de 155 mm ao Ministério da Defesa, apesar do conflito entre Tel Aviv e Hamas.
Para Amorim, que afirmou ao jornal O Globo que não comentaria a decisão do TCU, já que a legalidade do processo “nunca foi questionada”, o impasse sobre a compra dos blindados israelenses é, na verdade, uma “questão política”.
“Você está comprando equipamento sensível de um país acusado de genocídio pela Corte Internacional, um país que está envolvido numa guerra que está crescendo. Além disso, ofendeu o Brasil e humilhou nosso embaixador”, declarou o diplomata.
Amorim também negou qualquer desentendimento com o ministro da Defesa, José Múcio, que anteriormente sugeriu que vetar a compra dos blindados seria uma decisão de cunho ideológico. Segundo Amorim, ambos já conversaram sobre o tema, mas mantêm opiniões diferentes.
“Não é político-partidário, não é político-ideológico, é a situação de um país em guerra, que está se expandido e que ofendeu o Brasil, tem criança morrendo”, disse.
A licitação
O Exército Brasileiro justificou que a compra do equipamento visa modernizar o arsenal. E destacou que os obuseiros atuais datam da 2ª Guerra Mundial. A licitação, iniciada em 2017, teve a Elbit Systems como vencedora, selecionada por critérios técnicos e de menor preço.