O governo do Reino Unido apresentou um projeto para declarar o Grupo Wagner como uma “organização terrorista” no país. Se aprovada pelo parlamento, a medida entrará em vigor a partir de 13 de setembro e tornará crime, além de pertencer ao grupo, incentivá-lo ou ajudá-lo de alguma forma. A pena para quem descumprir as restrições será de até 14 anos de prisão.
O projeto foi apresentado pela ministra do Interior, Suella Braverman, nesta 4ª feira (6.set.2023). “O Grupo Wagner é uma organização violenta e destrutiva que tem funcionado como uma ferramenta militar da Rússia de Vladimir Putin no exterior”, afirmou Braverman.
O ministro da Segurança britânico, Tom Tugendhat, afirmou que a decisão “nomeia o Grupo Wagner pelo que eles realmente são: terroristas” e também “envia uma mensagem clara de que o Reino Unido não tolerará os representantes da Rússia e as suas ações bárbaras na Ucrânia”.
Tugendhat disse ainda que o Reino Unido “condena a campanha de corrupção e derramamento de sangue de Wagner no continente africano, que tem sido repetidamente associada a violações dos direitos humanos”.
A proposta de ordem ainda será debatida no Parlamento e, caso seja aprovada, o Grupo Wagner será a 79ª organização a ser considerada “terrorista” do Reino Unido, junto da Al-Qaeda, o Isis e o Hezbollah. A inclusão será feita com base na Lei do Terrorismo (Terrorism Act) britânica, do ano 2000.
O GRUPO WAGNER
Fundado em 2014 pelo tenente-coronel Dmitry Utkin, o Grupo Wagner é a principal organização de mercenários que atua em operações militares alinhadas aos interesses de Putin. A facção ganhou notoriedade nesse mesmo ano quando ajudou forças separatistas apoiadas pela Rússia na península ucraniana da Crimeia.
Em 2015, Yevgeny Prigozhin tornou-se o líder da comunidade paramilitar. Ele morreu em acidente de avião em 23 de agosto de 2023.
O nome Wagner foi escolhido porque esse seria o apelido de Dmitry Utkin. De acordo com o jornal New York Times, Utkin era admirador de Adolf Hitler, que tinha o compositor alemão Richard Wagner (1813-1883) como um dos seus músicos favoritos.
A Constituição russa proíbe a atuação de grupos mercenários no país, mas existem brechas na legislação que permitem a operação desse tipo de organização. As empresas estatais russas são autorizadas a ter forças de segurança armadas privadas, o que possibilita que os mercenários atuem de forma legal e organizada.
O Grupo Wagner age como um exército privado de Putin, que pode expandir sua área de atuação para outros continentes sem envolver diretamente as Forças Armadas oficiais do país. Os paramilitares já atuaram em diversas nações na África, como Líbia, Sudão, Mali e Madagascar. O grupo também já atuou na Síria para ajudar o regime do presidente Bashar al-Assad, aliado de Putin.
Na guerra com a Ucrânia, o Grupo Wagner se destacou por lutar na linha de frente das principais batalhas. Os mercenários eram a principal força de ataque russa na cidade de Bakhmut, local do conflito mais sangrento da guerra até agora.
O Tesouro dos EUA publicou um relatório em janeiro de 2023 com informações sobre a atuação global do Grupo Wagner. Segundo o documento, os paramilitares recebem auxílio de empresas como a russa TerraTech, que produz imagens por satélite. Segundo o órgão norte-americano, o grupo também receberia ajuda de companhias chinesas.