Um dos pontos da rota de fuga negociada pelo Brasil com o Egito para repatriar brasileiros na Faixa de Gaza já foi bombardeado 3 vezes desde o início da guerra entre o Hamas e Israel, segundo o embaixador brasileiro no Egito, Paulino Franco de Carvalho Neto.
O país controla uma das 3 passagens por via terrestre para deixar o território palestino. Conforme declarou o embaixador em entrevista à TV Brasil, a falta de garantias de segurança torna as operações de transporte “excepcionalmente complexas, para não dizer dramáticas”.
Ele explica que a rota de saída passa pela cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza. O local faz fronteira com o Sinai, no Egito. A fronteira, porém, está bloqueada depois que ao menos 3 bombardeios atingiram o posto de controle do lado palestino. “Não há como passar por enquanto”, afirmou Neto.
Em comunicado, o Ministério de Relações Exteriores do Egito negou que haja um bloqueio na passagem, apesar de confirmar os ataques no posto de controle. A nota também solicita que Israel “evite atingir a passagem de Rafah”. Um militar egípcio explicou à Sky News Arabia, porém, que a falta de estrutura e de equipe no local bombardeado impede o funcionamento do posto de controle e que, por isso, houve a interrupção das operações de passagem.
Conforme o embaixador, o governo brasileiro negocia a repatriação de 22 brasileiros que solicitaram a saída da região. Na tarde desta 5ª feira (12.out), um avião com capacidade para 40 pessoas decolou de Brasília rumo a Roma, na Itália, onde aguardará autorização do Egito para repatriar o grupo.
A aeronave, a 6ª utilizada na Operação Voltando em Paz, é um VC-2 (Embraer (BVMF:EMBR3) 190) de uso exclusivo da Presidência da República. Desde 3ª feira (10.out), 494 pessoas deixaram o território israelense em voos da FAB (Força Aérea Brasileira).
Também nesta 5ª, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ter conversado por telefone com o presidente de Israel, Isaac Herzog, e solicitado a criação de um corredor humanitário na Faixa de Gaza para facilitar a retirada de pessoas das zonas de conflito.
A região, cerceada por Israel, tem sido privada de água, energia e combustível como forma de pressão do governo israelense para a liberação de reféns sequestrados pelo Hamas durante a incursão ao território de Israel no sábado (7.out). Há cerca de 2,3 milhões de palestinos em Gaza.
Presidente do Conselho de Segurança da ONU durante o mês de outubro, o Brasil convocou uma reunião de emergência para discutir o conflito na 6ª feira (13.out), O país será representado pelo chanceler Mauro Vieira e deve negociar a criação do corredor humanitário, também solicitado por outros países com cidadãos sitiados na região palestina.