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Saiba a taxa de governismo dos cotados para substituir Lira

Publicado 08.06.2024, 11:16
Saiba a taxa de governismo dos cotados para substituir Lira

Antonio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões Jr (MDB-AL) têm as maiores taxas de governismo entre os 5 mais cotados na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados.

Brito votou alinhado com as orientações do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 95% das vezes. Isnaldo, em 94%, mostra levantamento do Poder360. Leia a metodologia no fim deste texto.

Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP) estão na outra ponta. Apesar de serem os menos governistas da lista de mais cotados, as taxas de ambos superam os 80%. Dr. Luizinho (PP-RJ), tem 87% de taxa de governismo.

Quando se considera o conjunto dos 513 deputados em todas as votações na atual legislatura (a partir de fevereiro de 2023), a taxa de adesão geral da Câmara ao Planalto é de 71%. Ou seja, todos da lista de 5 mais cotados têm taxa de governismo acima da média.

A evolução da disputa

O Poder360 também calculou uma “taxa móvel” de governismo, que considera, em qualquer data, as últimas 30 votações dos deputados.

A taxa serve para medir em diferentes momentos o nível de adesão dos deputados às pautas do governo.

O gráfico abaixo mostra uma queda dessa taxa móvel do governismo no mês de maio. Isso se deve, principalmente, às várias votações de destaques do PL 709/2023, que proíbe benefícios a invasores de terra. O projeto de Lei, que é caro à bancada do agronegócio, passou com ampla votação na Câmara.

A evolução individual do governismo de cada um dos cotados para substituir Lira mostra padrões que devem ser considerados pelo Planalto na hora de decidir sobre o seu apoio:

  • Antônio Brito e Isnaldo – são os mais alinhados com o governo, dando sempre 9 de 10 votos seguindo a orientação do Planalto;
  • Dr. Luizinho – chegou a ser um dos mais governistas, mas se afastou. Dos únicos 12 votos que deu contra o governo, 6 foram em maio. É possível que esteja se aproximando da oposição;
  • Elmar e Marcos Pereira – têm a maior variação na “taxa móvel” de governismo. Têm porém, signos trocados. Pereira, um pouco mais próximo do governo, faz acenos a Lira por apoio. Elmar, mais chegado a Lira, acena ao governo. Nenhum deles tem alinhamento automático e estão prontos a contrariar o Planalto.

O cenário atual

O tabuleiro político se movimenta neste momento em torno de Arthur Lira (PP-AL). O atual presidente da Câmara quer viabilizar um sucessor que tenha o apoio do governo. O deputado menciona publicamente 3 nomes: Elmar Nascimento, Marcos Pereira e Antonio Brito.

Lira também tenta inviabilizar na disputa o emedebista Isnaldo Bulhões Jr., seu adversário em Alagoas.

O atual presidente da Câmara tenta conquistar o apoio do governo para fazer o seu sucessor, mas diz a aliados que o próximo chefe da Casa deve ter “o mesmo compromisso com a Câmara” que ele. Ou seja, ouvir a oposição e não ser alguém que se alinhe sempre aos interesses do Planalto. Como mostram os dados acima, o histórico de alinhamento de Brito e Isnaldo os colocam fora dessa classificação.

O próximo presidente precisará ter o apoio de ao menos parte da oposição para ser eleito. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem a maior bancada da Casa, com 95 dos 513 deputados da atual legislatura. Além dele, há deputados do Centrão que têm o costume de votar contra Lula. Serão necessários gestos a esses grupos para conseguir maioria na Câmara.

O PL ainda não sabe se vai ter um candidato. Caso decida participar da disputa, o líder do partido na Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), é atualmente o mais cotado. A taxa de governismo dele é de 23%. Só há 33 deputados que votaram menos alinhados com o governo do que ele.

O partido pode entrar como fiel da balança na disputa caso decida não lançar candidato. Neste caso, pode exigir que o ungido por Lira ceda um espaço de destaque à oposição ao chefiar a Câmara.

O PT, partido do presidente Lula, não escolheu ainda quem vai apoiar na disputa. Os governistas consideram Elmar Nascimento “menos maleável” que os outros candidatos.

No Senado, o favoritismo de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) também prejudica a candidatura do deputado baiano. Isso porque os congressistas não enxergam com bons olhos a eleição de 2 presidentes de casas legislativas do mesmo partido.

Elmar, por sua vez, diz que isso fortaleceria o diálogo entre os presidentes de Câmara e Senado. Diante do pouco suporte entre os governistas, tem se aproximado de deputados da oposição.

O Planalto monitora o apoio dos principais candidatos entre os colegas. Governistas fizeram acenos a Marcos Pereira, mas também viram com bons olhos a entrada de Antonio Brito na disputa.

Brito é o que tem mais tempo de Câmara, atualmente no 4º mandato consecutivo. O deputado tem se mostrado constante no apoio ao governo, mas pode enfrentar resistência com a oposição.

Metodologia

O Poder360 comparou os votos dos deputados em todas as votações em que houve orientação do governo. As votações em que o governo liberou o voto foram desconsideradas.

Abstenções e obstruções foram considerados votos contra o governo, embora em algum momento possam favorecê-lo.

O percentual móvel considerou as 30 últimas votações para cada uma das datas e, no gráfico, só aparece a partir do momento que os deputados em questão deram 30 votos em disputas com orientação do governo.

Leia mais em Poder360

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