A ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) disse que o BC (Banco Central) não pode encarar uma taxa de juros anual em torno de 9% como limite para o afrouxamento monetário de 2024. Em 20 de março, a autoridade monetária fez mais um corte de 0,5 ponto percentual na Selic. A taxa básica de juros caiu de 11,25% para 10,75% ao ano e atingiu o menor nível desde março de 2022, quando estava no mesmo patamar.
A declaração foi dada em entrevista à CNN Brasil que foi ao ar neste sábado (30.mar.2024). Tebet elaborou seu raciocínio: “Só pode ser o piso se, a partir do 2º semestre, dermos [a equipe econômica] outros sinais que nós não estamos dando. O BC não está analisando só os preços de alimentos e a inflação. O BC está de olho também na política fiscal do governo”.
O Copom (Comitê de Política Monetária) indicou que, depois do próximo corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica, a Selic, deverá começar a reduzir o ritmo de redução do juro base. Indicou que a taxa irá para 10,25% ao ano em maio e que a diminuição será menor a partir de junho. As informações constam na ata do Copom divulgada em 26 de março.
Segundo Tebet, é possível reduzir ainda mais a Selic. “À medida que a inflação está menor do que estava no passado, é óbvio que dá, sob pena de continuarmos tendo os maiores juros reais do mundo”, disse.
Sobre a meta de deficit zero em 2024, estabelecida pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ministra declarou estar “até mais otimista” do que estava no passado.
“Tudo o mais constante, eu tendo as rédeas nas mãos – o meu papel é ser chata, aquele grilo falante do Pinóquio, não dá para abrir a torneira, inventar novas despesas públicas, é preciso revisar gasto – não temos preocupação [em revisar a meta] pelo menos até o meio do ano”, disse.
Tebet afirmou que sua apresentará à equipe econômica do governo algumas propostas para a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2025. O governo deve enviar o texto ao Congresso até meados de abril. Segundo ela, os ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento vão analisar se é possível “colocar na LDO 0,5% de superavit, a depender de uma série de situações”.