Juan Guaidó disse não ter medo de ser deportado dos EUA, onde se encontra, para a Venezuela. Na 5ª feira (5.out.2023), o MP (Ministério Público) do país expediu um mandado de prisão contra ele e informou que pediria que a Interpol emita um alerta vermelho para sua captura.
Segundo o opositor, o caso representa mais uma ferramenta de manipulação de Nicolás Maduro. “Claro que quero voltar para a Venezuela, mas pelo menos aqui estou vivo e livre, ao contrário de muitos venezuelanos que estão atrás das grades ou foram assassinados pela ditadura”, afirmou à CNN.
O procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, disse que o mandado de prisão contra Guaidó é em decorrência da gestão “negligente de ativos” da empresa PDVSA (Petróleos de Venezuela) –estatal de produção de petróleo– nos Estados Unidos. A Justiça venezuelana se baseou em investigações do Tribunal de Delaware (EUA).
Em nota, o MP disse que documentos do Tribunal norte-americano indicam que Guaidó utilizou recursos da PDVSA para pagar despesas pessoais. Além disso, ele teria forçado a empresa “a aceitar condições de refinanciamento que causaram prejuízos à nação de 19 bilhões de dólares e resultaram na perda quase definitiva da Citgo”, subsidiária da PDVSA nos EUA.
Guaidó se autoproclamou presidente da Venezuela em 2019 sob o argumento de que a eleição de Nicolás Maduro havia sido uma fraude. Ele foi reconhecido como líder do país por diversas nações –entre elas, os EUA.
O presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro Moros, 60 anos, comanda um regime autocrático e sem garantias de liberdades fundamentais. Mantém, por exemplo, pessoas presas pelo que considera “crimes políticos”. Há também restrições descritas em relatórios da OEA (sobre a “nomeação ilegítima” do Conselho Nacional Eleitoral por uma Assembleia Nacional ilegítima) e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (de outubro de 2022, de novembro de 2022 e de março de 2023).
Conforme Guaidó, Maduro quer ganhar o reconhecimento internacional como líder da Venezuela. O mandado de prisão contra o opositor seria um dos sinais dessa busca.
Guaidó citou que Maduro vai usar o fato de que os EUA autorizavam a retomada da deportação de venezuelanos a seu favor –o governo norte-americano considerava a Venezuela insegura e, por isso, não deportava cidadãos do país que entravam nos Estados Unidos de forma irregular.
“Os venezuelanos vão para Nova York por desespero, por falta de oportunidades, e isso acontece na Venezuela todos os dias”, disse Guaidó.
“A única coisa que Maduro procura é o reconhecimento, e mesmo estes voos de deportação vão ser apresentados como um reconhecimento de fato do seu regime. (…) Mas todos sabemos que esta nova política não é uma solução para a crise imigratória: a crise é vista em Nova York, mas suas raízes estão na Venezuela”, continuou. “Precisamos mudar a situação na Venezuela, devolver a democracia ao país, se quisermos resolver a crise da imigração”, finalizou.