O BIE (Bureau International des Expositions), instituição responsável pelas expos mundiais, terá a 173ª Assembleia em Paris nesta 3ª feira (28.nov.2023). Escolherá a sede da Expo 2030. O Brasil participa das feiras mundiais desde 1851. Mas não votará na 173ª assembleia.
O governo brasileiro tem dívida acumulada de € 300 mil com o BIE. O Ministério das Relações diz que não falta dinheiro para pagar a conta. O impedimento é um problema jurídico que se arrasta desde 2013. O Congresso precisa aprovar um protocolo com o BIE para legalizar os pagamentos. O Brasil participou da escolha de Osaka (Japão) para 2025. Não poderá participar da escolha da sede de 2030.
Lula prometeu apoio a Roma
Competem para sediar a Expo2030:
- Busan (Coreia do Sul);
- Riad (Arábia Saudita);
- Roma (Itália).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse duas vezes que apoiará a candidatura da capital italiana: ao visitar a Itália em junho de 2023 e em entrevista a correspondentes internacionais em agosto de 2023. Não citou o impedimento de o Brasil votar.
O Brasil teve um pavilhão de 4.300 m² na Expo Dubai (2021-2022). Custou US$ 25 milhões (R$ 122 milhões atualmente), pagos pela ApexBrasil.
Os resultados segundo a gestão da época foram:
- US$ 60 milhões – valor da mídia espontânea, o espaço de reportagens em seu equivalente pela compra de espaço publicitário;
- US$ 600 milhões – vendas de empresas brasileiras por causa da Expo;
- US$ 10 bilhões – investimentos sinalizados para o Brasil por causa da Expo.
O pavilhão brasileiro da Expo Dubai teve 2 milhões de visitantes. Foi um dos 5 com maior público. “As expos são um assunto de Estado, não de governos”, disse o general da reserva Elias Rodrigues Martins, que foi comissário-geral do Brasil no evento.
A Expo Dubai deveria ter sido em 2020. Foi adiada por causa da pandemia. Martins disse que foi necessário aplicar multas às empresas que preparavam o pavilhão brasileiro para cumprir prazos e outras exigências contratuais.
O local onde foi realizada a Expo Dubai foi transformado na Expo City Dubai, um local permanente de eventos e exposições. Terá a COP28 (de 30 de novembro a 12 de dezembro).
Redução para Osaka 2025
Na Expo Osaka 2025, o plano da atual gestão da ApexBrasil é usar estrutura oferecida pelo governo japonês. O argumento é que será possível gastar R$ 100 milhões a menos do que havia sido previsto no início do projeto, em 2022, ainda no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Análise
A ausência do Brasil na escolha da Expo 2030 prejudica a imagem internacional do Brasil, algo a que o atual governo diz dar importância. A dívida com o BIE traz à tona dificuldades na política externa:
- fama de inadimplente – o Brasil é conhecido como mau pagador em instituições internacionais. O governo deixou de pagar € 5 milhões neste ano à OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). É um caso diferente. Quer decidir como integrará o órgão. Mas, para quem olha de fora, tudo tem a mesma cara de calote;
- governança deficiente – o Brasil destina US$ 25 milhões para uma exposição e não consegue pagar uma taxa acumulada que representa 1% disso. Não há clareza sobre os esforços para resolver o problema jurídico que se arrasta há 10 anos;
- falta de transparência – é péssimo para a imagem do governo brasileiro dizer que apoiará uma cidade (e um país) deixando de explicitar que esse apoio é inútil na situação atual de inadimplência.