Demitida do comando da Caixa Econômica Federal na 4ª feira (25.out.2023), Rita Serrano comentou na 5ª (26.out) sobre sua saída do cargo para dar espaço ao Centrão. Em um artigo publicado nas redes sociais (íntegra – PDF – 44 kB), a economista criticou os desafios de “ser mulher em espaços de poder” e declarou ser preciso “pensar em outra forma de fazer política”.
“Ser (BVMF:SEER3) mulher em espaços de poder é algo sempre desafiador. Não foi fácil ver meu nome exposto durante meses à fio na imprensa. Espero deixar como legado a mensagem de que é preciso enfrentar a misoginia, de que é possível uma empregada de carreira ser presidente de um grande banco e entregar resultados, de que é possível ter um banco público eficiente e íntegro, de que é necessário e urgente pensar em outra forma de fazer política e ter relações humanizadas no trabalho”, disse.
Rita Serrano também elogiou a própria gestão, afirmando que seu comando deu “um salto de qualidade em diversos âmbitos” da presença da Caixa na vida da população. Ela ainda agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “pela confiança”.
“O momento é de agradecer a toda a minha equipe, dirigentes, assessores, colegas de trabalho de todo o país, minha família, entidades e, em especial, ao presidente Lula, pela confiança depositada. Presidente, para mim, foi uma honra ter participado do seu governo”, declarou a economista.
Desde julho, a presidência da Caixa e suas principais diretorias eram parte de uma negociação de Lula com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O comando do banco foi oferecido pelo Planalto para o Centrão quando esse grupo político ingressou no governo em troca de cargos na Esplanada.
Apesar da pressão pela troca, o presidente vinha adiando a decisão da mudança. A situação da economista, porém, ficou insustentável depois que uma exposição patrocinada pela Caixa exibiu uma imagem em que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aparecia dentro de uma lata de lixo envolta com a Bandeira do Brasil. A mostra, paga com dinheiro público, custou R$ 250 mil e gerou irritação por parte de Lira e constrangimento ao governo.
Na 4ª feira (25.out.2023), Lula demitiu Rita e nomeou Carlos Antônio Vieira Fernandes para a chefia do banco estatal. Diretor da Funcef, o fundo de pensão do banco, de 2016 a 2019, Vieira foi indicado pelo Centrão.