O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 2ª feira (6.nov.2023) que ainda há espaço para novos cortes da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 12,25% ao ano. Ele afirmou que atuará “em parceria” com o BC (Banco Central).
“Nós temos gordura monetária para queimar”, declarou.
A declaração foi dada durante o evento “Macro Day”, do BTG Pactual (BVMF:BPAC11). O economista-chefe do banco, Mansueto Almeida, mediou a participação do ministro.
Na 4ª (1º.nov), a autoridade monetária anunciou nova queda de 0,5 ponto percentual. Foi a 3ª seguida no patamar. O nível de corte era esperado pelo mercado financeiro.
Haddad disse que a inflação deve fechar o ano abaixo de 5%. “Isso é relevante porque não está taxando a inflação ‘na marra'”, declarou.
Para 2023, o CMN (Conselho Monetário Nacional) definiu meta de 3,25% e intervalo de tolerância que varia de 1,75% a 4,75%. A projeção do mercado é de 4,63%, ou seja, dentro da meta inflacionária.
“Nós temos reservas para blindar a economia brasileira”, acrescentou.
O ministro também se referiu aos dados macroeconômicos dos Estados Unidos, que, na sua visão, sinalizam para um fim do aperto monetário por lá.
Na 6ª (3.nov), o BEA (Bureau of Labor Statistics) divulgou a criação de 150 mil empregos em outubro fora do setor agrícola, nos Estados Unidos. Eis a íntegra do relatório (PDF – 399 kB, em inglês).
O número ficou abaixo do esperado –o mercado projetava 180 mil postos de trabalho. Já o desemprego subiu de 3,8% para 3,9% no país norte-americano.
INFLAÇÃO “ARTIFICIAL”
Em 2022, a inflação oficial do Brasil foi de 5,79%. A taxa anual caiu em relação a 2021, quando ficou em 10,06%, mas ficou pelo 2º ano consecutivo acima da meta.
Em tom crítico, Fernando Haddad disse que a inflação estava “artificialmente baixa” no ano passado. Ele mencionou a desoneração dos combustíveis concedida pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).
“Como o próprio Banco Central informou em uma das suas atas, [a inflação] estava rodando acima de 10%”, declarou.
NOVOS INDICADOS AO BC
Haddad também comentou as escolhas de Rodrigo Alves Teixeira e Paulo Picchetti para diretorias do BC (Banco Central). Os indicados substituirão, respectivamente, os diretores de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, Maurício Moura, e de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fernanda Guardado.
O ministro disse que Rodrigo Teixeira havia trabalhado com ele na Prefeitura de São Paulo e que “ajudou” a reestruturar as carreiras do funcionalismo municipal.
Teixeira trabalha atualmente como secretário especial adjunto da SAG (Secretaria de Análise Governamental) da Casa Civil. Haddad afirmou que Teixeira tem “trânsito na esplanada” e que vai ajudar o presidente do BC, Campos Neto.
O titular da Fazenda também disse conhecer Picchetti “há 35 anos” e que foi colega seu no mestrado de economia da USP (Universidade de São Paulo), em 1990.