O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) disse na 3ª feira (23.abr.2024) que é humano e por isso tem “erros e acertos” ao ser questionado sobre as críticas feitas ao ministro das relações institucionais de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Alexandre Padilha, a quem chamou de “incompetente” e “desafeto pessoal”.
“Não é característica minha ser antagonista de ninguém”, declarou Lira em entrevista ao programa “Conversa com Bial”, da Tv Globo. O chefe da Casa Baixa disse que, antes de seu comentário, já havia externado sua preocupação de que as negociações e articulações com o Planalto não estavam fluindo e que Padilha contribuiu para o desgaste.
Apesar do estranhamento público, Lira negou que tenha atacado o governo ou articulado pela abertura de novas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) ou “pautas-bomba” que mirassem o Executivo. Declarou não ter “do que se queixar” da sua relação com Lula, e afirmou que seu papel foi trazer as melhores condições de governabilidade, o que fez a gestão petista ter um ano de 2023 “espetacular por tudo que a Câmara fez”.
O estopim para a animosidade entre Lira e Padilha teria sido uma suposta notícia vazada pelo Governo de que a manutenção pela prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) foi uma derrota para o deputado. Na entrevista, o presidente da Câmara negou que tenha articulado pela soltura do suposto mandante do assassinato de Marielle Franco.
“Eu não comprei [a briga pela libertação dos Brazão]. Isso é uma inverdade. Não há um deputado ou deputada, e eu converso com todos eles, que diga que eu influenciei no voto, que eu pedi um voto. É uma discussão muito pessoal de cada partido e de cada parlamentar”.
Lira disse que, por se tratar do 2º deputado a ser preso na sua gestão à frente da Câmara, é cobrado internamente pelos demais. Disse também ser uma discussão “muito aflorada” tanto na Câmara quanto no Congresso e que teve reuniões com líderes, inclusive do governo, para discutir as prerrogativas que regem o Legislativo.
Depois do comentário sobre Padilha, Lula saiu em defesa do ministro. Em discurso, disse que o manteria no cargo “só por teimosia”. Ao mesmo tempo, articulou para retomar a política da boa vizinhança, exigindo papel ativo de integrantes da gestão e, inclusive, conversando a sós com Lira.